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Jornal Diário de Suzano - 25/04/2024
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Coluna

Coincidências

24 abril 2020 - 23h59
Estava tranquilo lá no meu ilhamento, digo, isolamento, quando uma irmã minha, colocou na sua página do Face, uma foto, a matéria saída na Revista CARAS, há 5 anos, em 2015, de um evento onde fui homenageado, entre outras pessoas com o admirado Compositor Martinho da Vila e o meu querido Poeta Daniel Fresnot. Recebemos uma medalha, da Divine Academie, numa noite muito especial no Hotel George V, em Paris, França, ali bem perto do Arco do Triunfo.
Aliás, esse foi um evento muito especial. Fazia muito tempo que não íamos a Capital da França, e na ocasião fui convidado para participar do Salão do Livro de Paris, onde o Brasil seria o Grande Homenageado. Foi quando lancei o meu livro de poemas “Tout Auprès” (Tão Perto). Livro que teve a participação direta justamente do Daniel Fresnot, que contribuiu com o seu sensível Prefácio. Essa ocasião foi uma oportunidade e tanto. Reencontramos muitos queridos amigos franceses, antigos colegas do nosso tempo de estudos da Universidade de Paris – Sorbonne, longe, lá pelos anos de 1970. 
Achei que era coincidência. Tinha acabado de encontrar na minha biblioteca um livro do Daniel, “A Quand le Printemps?” (Pra quando a Primavera?), de 1990 e publicado numa edição francesa em 1992. Esse livro é coisa bem especial. Nele Daniel circula uns tantos momentos pelo mundo, também no seu tempo de exílio e umas tantas coisas por que passou.
Trago uns versos:
“C’est em hiver que les femmes sont inaccessibles/ (É no inverno que as mulheres são inacessíveis)
Eles se recouvrent du leurs bonnets, d’écharpes et de manteaux/ (Se escondem em seus bonés, mantas e casacos)
Eles gardent um nez mutin hors de leurs parures/ (Mantem um nariz erguido fora de suas adereços)
Mais sont plus sages et mesurées et belles/ (Mas são mais sabias e moderadas e belas)
Elles s’emmitouflent, s’activent, elles agissent et courent/ (Se agasalham, se ativam, se agitam e correm)
Elles se replient avec leurs titulaires pour l’hiver// (Se dobram com seus titulares no inverno)
À quand le printemps?” (Para quando a primavera?)
Daniel e eu fomos colegas estudantes universitários, no Brasil, em São Paulo, no final dos anos de 1960. Estávamos dentro do Movimento Estudantil e fazíamos o que acreditávamos devia ser feito na época. Depois, na Europa, fomos colegas no Instituto de Estudos Portugueses e Brasileiros, que hoje tem outro nome, na Sorbonne. De volta ao Brasil, ele retoma a empresa do pai e faz um trabalho assistencial enorme e bonito, e sei o quanto é difícil, especialmente por estes tempos de agora. E fui seu padrinho de casamento, coisa muito especial (Meu carinho sempre a querida Suzanne). Continuamos unidos até hoje.
Estava lembrando disso, agora, quando ele me liga. Também está de molho, claro. Trocamos algumas ideias, queríamos saber um do outro. São tantas as coincidências...
Fui lá no meu livro “Tout Auprès”, encontrei o poema, “Parcours” (Percurso), dedicado a ele “Vieux Camarade de Guerre”. Mas esse vai para uma outra ocasião.
Fica o meu abraço fraterno ao Daniel. Avante!