terça 16 de abril de 2024Logo Rede DS Comunicação

Assine o Jornal impresso + Digital por menos de R$ 34,90 por mês, no plano anual.

Ler JornalAssine
Jornal Diário de Suzano - 16/04/2024
Envie seu vídeo(11) 4745-6900
Coluna

Coisas Muito Leves Voam II

07 novembro 2020 - 05h00
Pensando no tanto que já escrevi (creio, já ultrapassei as mil crônicas aqui no Jornal), acabei mexendo numa papelada digitalizada. E encontrei uma crônica minha com este título, "Coisas Muito Leves Voam". Já faz mais de uma década. Lembrava da minha namorada, que me atura nesses nossos cinquenta anos. Conheci a mocinha no dia 4 de outubro de 1969. Nós dois íamos "segurar as velas", como expressávamos os acompanhantes de um casal de amigos que ia se encontrar. Eles se casaram. Nós também. E muita água correu. Agora, com o isolamento, muito juntos, certamente estou bem mais chato. Mas ela sabe administrar bem a coisa. Acho que vou apendendo aos pouquinhos. Será mesmo que todo mundo anda dando atenção às necessidades disso, de como se isolar com mais alguém? Só a emoção não vale. Sentimento é importante, claro, fundamental, mas temos de ir adiante. 
Aí lembrei do forró (que vem do inglês "for all"), que dizem ser do Vital Farias: "Ai Que Saudade D'Ocê". Com um português meio lascado e versos simplórios, diz: "Não se admire se um dia/ Um beija-flor invadir/ A porta da tua casa/ Te der um beijo e partir/ Fui eu que mandei o beijo/ Que é pra matar meu desejo/ Faz tempo que eu não te vejo/ Ai que saudade d'ocê". Eta coisa boa! Mas diga lá, tem algo mais deliciosamente simplório que estar apaixonado? Pois é, como disse aí acima, tem de ter o lado emocional, mas o pedaço racional precisa estar presente, e tudo tem de se equilibrar. Pense e sinta bem isso.
Pois é, pensando em coisas de antigamente, lembro que lá pelo final dos anos de 1960, na Faculdade, um Autor sacudiu minha geração, Marshall McLuhan: "Os Meios de Comunicação como extensões do Homem" (Understanding Media). Ele criou expressões fortes, como "o meio é a mensagem". Mas com a célebre "aldeia global" quis fazer as pessoas entenderem que com a mídia moderna o mundo perdia fronteiras e aumentava as nossas responsabilidades coletivas. Queríamos uma sociedade mais solidária. E hoje? Será que especialmente nesses tempos complexos, o que vemos exibe as responsabilidades coletivas? Será que a satisfação do nosso prazer pessoal não permite perceber as necessidades dos demais?
E fui lembrando de alguns estudos. Peter Drucker nos levou a refletir sobre a gestão da Sociedade da Informação/Sociedade do Conhecimento. Passamos a ter novas necessidades, inclusive educacionais. Precisamos de profissionais com mais cultura geral, reflexão, postura democrática, dominando as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Andy Hargreaves, no livro escrito com Michael Fullan "A Escola como Organização Aprendente" (por uma educação de qualidade), trata da cultura cooperativa, da interdependência, cada um como parte da equipe. Como Alvin Toffler falou do atual excesso de informação descartável, sem a Escola levar a aprender a pensar. Podemos remendar o atual sistema escolar ou é preciso criar outro? 
Não formarmos sistematicamente ninguém para já ou para amanhã vai explodir adiante. Está bem, vamos em frente que atrás vem gente. As coisas muito leves voam...