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Jornal Diário de Suzano - 24/04/2024
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Coluna

Ensinançaa

28 fevereiro 2020 - 23h59
"Ensinança" não é invenção minha, apesar de ser de uso raro. Veja no dicionário: "ato ou efeito de ensinar". Tenho lá meus muitos anos de Magistério, disso de trabalhar como Professor. E sei o quanto isso tudo está largado.
Tive sucesso em muitas das minha atividades. Mas sei também que eram raras.
Quando disse em casa que iria prestar vestibular para o Magistério, foi um choque. Como filho de classe média, meus pais já tinham expectativa de me dirigir as profissões de sucesso financeiro, que já há mais de cinquenta anos se acreditava. Naquele tempo o que valia era buscar "ser doutor": atuar como médico, como engenheiro ou como advogado. Eu tentar o vestibular de "Filosofia", ou por outra, "dar aulas", era me condenar, desde cedo ao Inferno. Nem fiz Cursinho. Só havia Filosofia na USP, com 40 vagas. Ainda havia prova oral. Pois é, tirei 42º lugar. Ninguém morreu naquele ano de 1968. Não sobrou para mim. Então, fiz vestibular para Direito, na PUC-SP. Passei em 3º lugar. 
No fim de 1969 sofri um acidente de carro, com traumatismo craniano, coma e EQM, e fiquei imobilizado por muito tempo. 
Em fins de 1971 fui para a França. Então, estudei Letras, queria ser Escritor. Fiz a Graduação e depois me lancei no Mestrado e no Doutorado, já em Linguística. Acabei sendo convidado a lecionar na Sorbonne.
No Brasil, depois de 1978, passei a Lecionar, também no Ensino Secundário Público. Tive de estudar bastante, um Docente Universitário não deve trabalhar igual a um Docente do Fundamental. Comecei a buscar criar Disciplinas para a Formação de Docentes do Fundamental. Consegui instalar Antropologia e adequar Psicologia em alguns Cursos de Pedagogia onde lecionei. Consegui estabelecer cursos de Gestão Educacional, com formação em Administração de Pessoal e destaque em Lideranças. Alargando esse espectro do Diretor de Escola ao Professor. Demonstrei que um Docente tem de Administrar Tempo e Pessoas na Sala de Aula também. 
E tem de ter acesso à muita Ação Cultural. Fiz pesquisas sobre isso, especialmente aqui na região do Alto Tietê. Trágico! Com salários muito baixos e também baixa Formação, os Professores não compram livros, nem os leem, nem assistem a teatro e nem a música. Nem vão a Exposições de Arte, por exemplo. Essa deficiência lhes reduz a capacidade de interpretar e explicitar o mundo para os seus alunos. 
Como Diretor de Escola demonstrei que se ampliarmos as capacitações dos Professores eles crescem muito, em especial sua autoestima, as depressões se reduzem, e o "Burnout" principia a sua diminuição. Deve-se ampliar a noção de Liderança, em lugar de Chefia, como ampliar a noção de Equipe em lugar de Subordinados. É coisa demorada, claro. Leva um bom tempo para irem se estabelecendo tais acréscimos. Mostramos que isso se alcança, sim, não apenas com a satisfação dos Docentes, mas especialmente no aproveitamento dos Alunos e na participação dos Pais, que também devem ser envolvidos em todo o Processo. 
Isso ninguém nasce sabendo. Aprende-se, se tiver quem ensine, Formação Inicial e, depois, Formação Continuada. 
Povo e Governantes sabem disso?