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Jornal Diário de Suzano - 25/04/2024
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Coluna

In Vino Veritas II

14 novembro 2020 - 05h00
Diz a tradição que "no vinho está a verdade". Uso aqui a expressão traduzida pelos romanos que a tomaram dos gregos. Diz a história que quando os antigos queriam saber algum segredo davam vinho ao inimigo, ou por outra, convidavam para um banquete. Ali bebia-se muito. Sob efeito da bebida muita verdade acabava aparecendo. 
Constatamos agora, nestes tempos de pandemia que as pessoas estão consumindo muito mais vinho. Poderia ser um sinal de bom gosto ampliado. Ou um sinal de que as pessoas precisam de algo a mais para esquecer suas próprias situações vividas agora. Mas, podemos perceber que hoje se bebe mais em certos modos solitários. Bem diverso de antes, quando a bebida primava pela companhia, no prazer alcançado nos encontros, especialmente com amigos queridos. Claro, em uma festa podemos conversar bem, e a vontade. Especialmente acompanhados por vinhos. Acabamos, sim, na degustação, trocando informações sobre vinho, sobre nossas experiências, sobre nossa vida. O vinho desentoca verdades.
Retomo aqui um frase do estudioso Luiz Groff sobre quem se interessa por vinho: "Enólogo é o cara que diante do vinho toma decisões, e Enófilo é aquele que, diante das decisões toma vinho". Essa frase se refere ao pessoal que trata de vinho, por profissão (o enólogo) e aqueles que se ligam ao vinho por prazer (o enófilo). 
Como já disse antes, particularmente, não sou grande especialista em vinho, mas me interesso. Da mesma maneira que não como muito, não bebo muito. Aliás, quem já teve uma ressaca, sabe bem do que estou falando. Mas é também verdade que gosto de comer bem e beber bem. Portanto, prefiro a qualidade à quantidade. O fato é que não gosto de comer tudo, mas gosto de saborear as coisas. Já houve tempo, nas épocas de juventude, em que preferia ir a restaurantes diferentes, exóticos. Mas essa fase passou. E hoje com as restrições que a saúde nos impõe tudo ficou mais limitado na nossa vida.
Mas, voltando aos vinhos, hoje isolado em casa, não me vejo obrigado a fazer todo tipo de experimentos de degustação. Só destacando, alguns tipos ainda me envolvem. Hoje, mesmo com tantas restrições por que passo na aposentadoria, um Malbec, argentino ou chileno, ainda me envolve. Um Vinho Verde sempre me traz a lembrança de Portugal e suas tantas propostas. E agora lembrei de um Quinta de Azevedo, também do norte português, que não mais encontrei no Brasil, e que também me lembrava da origem da família de meu pai. Porém, o fato é que hoje me sinto bem mais tranquilo com os vinhos da Serra Gaúcha, muita coisa boa e relativamente mais barata. E saibam que São Paulo já ; est&aa cute; produzindo uns tantos bons sabores. 
E por que não lembrar de uns versos? O vinho muitas vezes me trouxe a Poesia. Como neste poema "Rubra" (do meu livro "Aprendiz de Encantamento"):
"terna me chega/ o olhar me aguça/ ergo no ar/ a transparência rubra/ acaricia-me o olfato/ inebriante assume/ tanino persiste leve no palato/ aspiro o suave aroma//
no vinho a verdade do verso"
Um brinde! 
Saúde!