quarta 24 de abril de 2024Logo Rede DS Comunicação

Assine o Jornal impresso + Digital por menos de R$ 34,90 por mês, no plano anual.

Ler JornalAssine
Jornal Diário de Suzano - 24/04/2024
Envie seu vídeo(11) 4745-6900
Coluna

O Livro Abre Caminhos

31 outubro 2020 - 05h00
Temos no Brasil um enorme calendário de eventos. Os nossos legisladores "podem" pouco em termos de criatividade, então criam os tais "Dias...disso...daquilo...". No dia 20, semana passada, foi "Dia do Poeta". Faz pouco, dia 29, tivemos o "Dia Nacional do Livro", referência à grande Real Biblioteca, a Biblioteca Nacional, no início do século XX. 
Amigos leitores, essas são duas efemérides a destacar. Claro, gostei de receber cumprimentos por ser um Poeta. Coisa importante, fundamental, na minha vida e de tantos mais. Cursei Letras por pretender ser Escritor. Mas não tive a chance de viver disso, coisa para muito pouca gente. Aí se vai para coisas próximas, Magistério, Jornalismo. Minha alternativa foi o Magistério. Mas continuei meu "escrever artístico" iniciado aos 16 anos, uns 12 anos antes.
Por outro lado, sabemos o quanto o livro também é imensamente importante. Mesmo se digitalizado ele é escrito. Palavra a palavra. Histórias. Versos. Talvez a pandemia tenha elevado a venda de e-books, mas pode ser um momento. É cedo ainda para se afirmar que é o caminho real que se exibe para o futuro. 
Lembrei agora de uma palestra que fiz numa faculdade, uns tempos atrás, sobre a "Poesia nos Tempos de Agora". Como já sabia que seria questionado sobre "o que é Poesia?", fui preparado. Levei uns versos de Caetano Veloso, um dos nossos grandes poetas, mesmo sendo também um compositor-letrista, mesmo que alguns o questionem ideologicamente. Pois vejam esta estrofe, de "Força Estranha": "Eu vi a mulher preparando outra pessoa/ o tempo parou pra eu olhar para aquela barriga/ a vida é amiga da arte/ é a parte que o sol me ensinou/ o sol que atravessa essa estrada que nunca passou". Leiam toda essa letra, ela acrescenta. Vejam quantos símbolos! Somos nós ouvintes ou leitores que temos de interpretar o que pretendeu o escritor, poeta, ou letri sta. Os meus ouvintes de então conseguiram oferecer umas quinze leituras do texto.
Muitas e muitas outras tantas vezes a letra de uma música é apenas uma "prosa rimada". Apenas o que qualquer pessoa pode dizer e diz numa conversa. Mas, acompanhada de uma bela melodia, muitas vezes nos sensibilizam muito. A Poesia trabalha com símbolos, com figuras de linguagem, como especialmente a Metáfora. Por exemplo: "Esta cantora é um sabiá". Uma pessoa nunca será um pássaro, mas pode nos envolver como o faria uma ave cantando. Somos nós que "recriamos" o que aquela letra, ou aquela poesia, disse, ou pretendeu dizer. O leitor, o ouvinte é quem coloca a sua informação, a sua formação, a sua cultura, para interpretar o que foi dito. E há situações em que nem alcançamos o que o autor pretendeu. 
Para o livro é fundamental também contar com o leitor, seja na sua interpretação quanto em sua disponibilidade. Uma professora me deu Machado de Assis para ler quando tinha apenas 11 anos. Li, entendi pouco e achei muito chato. Queria aventuras. Era criança. Aos 17 retomei Machado. Foi lindo, um encanto. Já estava mais preparado. 
O livro é uma condensação de ideias. 
Vamos recriar o que nos é oferecido.