Esta semana me perguntaram o que iria escrever sobre o Dia do Professor. Perguntei se tinha de fazer isso. Disseram estar esperando. Caramba? Deve ser resultado dos meus mais de quarenta anos no Magistério. Andei meio triste com os castigos sofridos pelos Professores, toda a Educação, no Brasil, em especial no estado de São Paulo.
Não vou perder a esperança, nem aqui nem agora. Convido à reflexão.
Fique claro, sem valorização dos professores não vamos melhorar o resultado da Educação nacional, que hoje é muito ruim, mas vai ficar pior depois da pandemia. Precisaremos de uns três ou quatro anos de bons investimentos para acabarmos com o trágico atual.
Fiz mais uma palestra esses dias sobre o tema. Milhões de alunos não aprendem Língua Portuguesa (não conseguem ler e entender um texto), nem Matemática (não somam sem subtraem números de um dígito). Mais grave ainda em escolas públicas. Nem falo de Internet. Apesar disso a nossa sociedade, cidadãos e autoridades, exibe um desrespeito geral aos profissionais, até com agressões físicas.
Se observarmos o estado de São Paulo, o mais rico da nação, mantém um dos mais baixos salários, dentre todos os demais. O FUNDEB estabelece um piso salarial mínimo, lá embaixo. E o nosso Estado tem de dar um “abono” para chegar nesse mínimo. E os professores paulistas tem mais a reclamar, faz quase dez anos que não recebem nem mesmo o reajuste da inflação, como diz a Lei. E nem receberam as ações judiciais em que foram vitoriosos com precatórios.
Observem esses dados (Rede de Pesquisa Solidária): A arrecadação do ICMS no país foi 19%, pois S. Paulo aumentou “só 20,7%” no primeiro semestre. Com inflação e economia despencando? No mesmo período, com pandemia, a redução do aplicado em Educação foi de 6,4%. E dizem que falta caixa na previdência paulista. Esse desaparecimento é culpa dos aposentados, que sempre pagaram tudo o que recebem? Então, por que são “confiscados” agora nos seus benefícios? Não existe essa falta ou são outros os culpados?
Hoje, o Magistério no Brasil é um curso predominantemente de pretos e pardos (51%), o que indica, pela nossa grave desigualdade social, ser mais procurado por pobres e mulheres.
O Professor hoje precisa também ter mais Cultura e saber formas de Gestão, para dirigir uma sala de aula. Ele vai administrar conteúdos para um grupo de pessoas, crianças, jovens, adultos, dentro de um espaço físico e de tempo. Ele precisa saber trabalhar com a formação de Equipes, quando todo o grupo está voltado para um mesmo ponto, sem se imporem sobre os demais, pelo acompanhamento de um Líder positivo, em princípio, o próprio Professor. Como não existe vácuo de Liderança, se o Professor não assumir a Liderança da classe, alguém o fará, talvez o pior aluno. Mas, quem vai ensinar isso? Onde?
O fato é que temos uma absurda falta de profissionais nas escolas. Já faz tempo. Poucos ainda querem trabalhar lá. E os governos nem se tocam.
Vamos torcer que algo mude. Quem sabe se escolhermos melhor nas próximas eleições?...