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Jornal Diário de Suzano - 18/04/2024
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Coluna

Que Poesia Sempre Permaneça!

18 março 2023 - 05h00

Amo a Poesia, sim. É parte do meu ser. Nesses sessenta anos de prática, consegui aprender que não é coisa genérica, amada por todos. Há umas semanas conheci noutra cidade um jovem que me disse que Poesia não era o encanto da sua vida. Achava meio “complicado” (usando palavras dele), não o critiquei. Tentei fazê-lo entender que talvez exigisse só uma maior atençãozinha dele. Ele tinha faculdade, mas não se interessava por versos. Acato, claro, mas sinto a perda da possibilidade de um leitor a se envolver a mais no mundo.
Esta semana comemoramos em 14 de março o Dia da Poesia. Divulguei no meu Facebook, e inclusive uma reportagem que me foi repassada pelo amigo jornalista Geraldo Rodrigues do Nascimento. Nela se trata do entendimento psiquiátrico de que a Poesia melhora o equilíbrio mental, coisa de que já sabia há um bom tempo. A Poesia nos absorve e nos afasta de uns tantos males.
Quem não aprendeu a ler poemas, quando jovem, em casa ou na escola ao menos, vai ter mais dificuldade nisso, com certeza. Mas será que essas pessoas também não gostam de música? A Poesia tem sonoridade, as letras das músicas também querem ser Poesia.
Lembrei de algo que faz uns anos contei aos leitores antigos. Estava num Congresso de Educação. E me surpreenderam com uma homenagem. “Uma Professora de Literatura, extremamente gentil, interpretou um poema meu. Todos olharam para mim. Senti-me sozinho naquele palco frente a multidão que lotava o imenso auditório. Disse, pensando no que dizer: “É, pode ser”. E aí tentei explicar o meu laconismo. Claro, deixei de ser o Poeta para me colocar como Professor, e comentei:
“O Poeta não é obrigado a saber em totalidade o que ele disse. Ele deve saber o que pretendeu dizer. Mas será que ele sempre alcança dizer o que pretendeu? 
Quem tem de sentir isso é o leitor. Mas será que todo mundo lê igual e sente a mesma coisa?”.
Retomo aqui também algo que tenta explicar essas minhas palavras. A possibilidade de interpretações diversas do poema me trouxe à cabeça uns versos do falecido grande poeta cuiabano Manoel de Barros. Estava pensando numa daquelas invenções que ele trouxe voraz por tempos. Algo assim:
“O sentido normal das palavras não faz bem ao poema.”
Ele se referia às tais de metáforas, fundamentais em Poesia, que podem nos levar talvez a chegar a um lugar nem sempre visível a céu aberto, onde pudéssemos (como ele também diz:),
“Escurecer as relações entre os termos em vez de aclará-los.”
Assim, na Poesia, na verdade, o Poeta diz algo, querendo dizer outra coisa.
Por isso trago agora uma fala de Drummond, que trata de ampliar essa minha tentativa de explicitação:
“Se eu gosto de poesia? Gosto de gente, de bichos, plantas, lugares, chocolate, papos amenos, amizade, amor. Acho que a poesia está contida nisso tudo.”
Poesia a gente sente. Quem interpreta o que sentiu na Poesia é o leitor, cada um do seu jeito. Caro leitor, tente curtir. Só isso.