terça 23 de abril de 2024Logo Rede DS Comunicação

Assine o Jornal impresso + Digital por menos de R$ 34,90 por mês, no plano anual.

Ler JornalAssine
Jornal Diário de Suzano - 23/04/2024
Envie seu vídeo(11) 4745-6900
Coluna

Retratos

19 junho 2021 - 05h00

Sempre fui muito ligado à fotografia e ao cinema. Em 1977, voltando ao Brasil, trazia minha câmera fotográfica e a filmadora Chinon super 8, só outro filmava em Suzano, o Ticão. Desde menino, gostei de olhar as coisas como se selecionasse cenas e ângulos. Sei lá se a fotografia me levou à poesia com seu olhar diferenciado dos espaços.
Aprendi a fotografar em casa, revelando as fotos em câmara escura. Ó tempos! Era uma criança, aí pelos meus nove ou dez anos, na cidade de Niterói. Meu primo José Faria de Azevedo, o famoso “Zé Pequeno”, como meu pai, seu tio, o chamava, foi quem me ensinou. O Zé Pequeno era um respeitadíssimo fotógrafo profissional, na época atuava na Revista Manchete. Ele foi um mestre de muitos futuros grandes artistas fotográficos. Ele vinha muito em casa e me explicava passo a passo as revelações, do negativo ao positivo. Ele se foi para ficar dentro de mim.
Sei lá, mas essa coisa de olhar sempre mostra caminho. Talvez a fotografia tenha de fato me levado à poesia. Em dois livros de poesia, seja em “Aprendiz de Encantamento – 101 Olhares Poéticos”, seja em “Paisagens – Passeios pela vida”, a fotografia é uma linguagem parte do que pretendi dizer em versos. Em ambos tive o apoio de magníficos fotógrafos. No primeiro temos fotos do poderoso e sensível amigo, Carlos Magno. Sua arte se soma a centena de meus olhares registrados nos meus poemas. No seguinte livro, recebi a força da emoção da querida amiga Sandra Carrillo, fotógrafa inventiva que nos oferece as imagens que escolheu para nos envolver. Cada poema uma foto? Seria a poesia um olhar que os demais deixaram pas sar sem ver, assim também a fotografia? Quem sabe, a fotografia seja um poema?
Já me fiz muitas questões. A fotografia, quem sabe buscava me levar à emoção do encontro das coisas visualizadas e assim das pessoas, ou, quem saberá se não desejava mesmo “entrar nas pessoas, entrar nas coisas ao reproduzir a sua, aparente, superficialidade”? como já disse há uns tantos anos.
Há ideal, não há fato na poesia. Haveria essa realidade tão objetiva na Arte Fotográfica, ultrapassando bem além da técnica? Sei que o Artista busca chegar adiante. E persiste mirando ainda além do que se mostre. Com certeza, o Artista precisa, não apenas saber, mas seguir sempre em busca de um extremo nem sempre visualizado, ou mesmo almejado, pelo ser humano comum.
Em homenagem a poesia desses dois seres, Carlos Magno e Sandra, e a tantos Mestres mais, meus versos buscam descrevê-los em “Arte da Fotografia”:
“a fala da fotografia nos vem/ nem sempre tão silente/ como nem chega suave/ ela se aproxima lenta/ ocupando o seu espaço/ por vezes ardida nos vem/ o artista nos oferece o ângulo/ e tanto visualizamos outra partida/ como chegamos a pontos escondidos/ exatamente como nos oferece o poema/ sem mesmo percebermos o que chega/ e aquilo que de nós surge em parte/ nem sempre olhamos o oferecido/ tantas vezes buscamos em nós/ não no que o fotógrafo diz/ ou tanto nos quis dizer”.
Vamos ouvir suas imagens.