Pois é, tem tempos que temos muito a fazer. E temos de ir administrando. Nem sempre é tão simples, mas temos de encontrar condições para alcançarmos o máximo, o melhor resultado. Como administrador sempre fui assim, buscando arranjar as coisas nas maneiras possíveis. Apesar de por vezes termos mesmo é muita vontade de ir para o choque, “ir para o pau”, como dizia a minha geração, temos de sondar os caminhos alternativos.
Tentei acalmar um amigo que me liga duas ou três vezes por semana. O que é bom, para mim, ao menos. Ele queria partir para uma conversa com um vizinho do apartamento no andar de cima do seu. As crianças ficavam pulando lá em cima. Aquilo lhe irritava muito. Ele tem seus trabalhos em casa e o barulho incomoda a seu limite. Na conversa perguntei, onde o vizinho pode levar as crianças, com segurança para gastarem energias? O seu prédio não tem área de lazer assim tão ampla. Meu filho faz suas corridas, à noite, na garagem, no subsolo de seu prédio, ninguém perturba. Mas, como enxergar pelo olhar do outro? Aí me disse do ronco do aparelho de ar condicionado, ou ventilador, que o vizinho de cima dispunha. Era uma vibr aç ;ão que repercutia no seu apartamento, zumbia no seu ouvido, refletia nas paredes. Nos dias quentes girava o tempo todo, dia e noite. Como dormir? Ele dizia que encostava a cabeça no travesseiro e a repercussão ficava ainda maior. Fui perguntando se o aparelho deles não seria desses de chão, por vezes sem calço, sem uma borracha para proteger, o que ocasionaria a sensação de vibração contínua.
Ele nem sabia. A mulher nem lhe permitia ir perguntar, temia a perda da calma e o diálogo virar combate. Num condomínio isso é trágico. Sei disso, já vivencie. A minha parte era tentar acalmar. Aí fui para uma daquelas saídas, aparentemente bobas. Perguntei se já tentara colocar algodão no ouvido? Ele riu. E paramos por ali. Fiquei encafifado, que tipo de aparelho seria aquele. No dia seguinte, de manhã, ele me mandou mensagem, o algod&atild e;o no o uvido tinha funcionado. Não era perfeito, mas reduziu o impacto sofrido. Uma briga a menos, a mulher dele estava contente.
De vez em quando faço uma dessas “live”, uma fala, uma palestra, em grupo de amigos. Por vezes apanho do computador, perco a internet ou o contato nesses programas. Não sou especialista na área, aí também consigo ficar meio enervado. Mas, vou aprendendo, de vagar, que faz parte desses tempos de hoje. Mas esses fazeres impõem leituras, releituras, e revisões ocorrem.
E é verdade também, contar com amigos, mesmo por mensagens ou falas gravadas, contribui para o nosso equilíbrio, nesses tempos de esconderijo (esconde-rijo?), é bom trocar ideias, circular por outros mundos, além do nosso. A nossa vida não é só intelectual, não é só racional, além do emocional, também temos de circular, sensibilidade e modelagem. Caminho grande. A Poesia da Vida não se reduz. Temos de olhar adiante e seguir em frente. Observando as paisagens também. Elas nos encantam. Tudo é parte.