Lembrei de uns versos de Carlos Drummond de Andrade, do “Poema de Sete Faces” (1930), em que ele diz algo assim: “Mundo mundo vasto mundo./ mais vasto é meu coração”. As nossas emoções estão nos levando a voar, haja coração! O nosso mundo está cada vez mais estranho para nós mesmos. E temos conseguido tantas interpretações de tudo o que fazemos. Mesmo que muitos nem nos entendam. Será que todos entendem a si mesmos?
Ou seria um problema do tempo que vimos construindo?
O homem inventou o tempo para se medir. Para buscar se alcançar. Criou as divisões, séculos, anos, meses, semanas, dias, horas, minutos, segundos e por aí foi. E, juntando os tempos e suas parcelas, identificou os ciclos. E seguiu.
Agora, como sempre, estamos à beira de completarmos mais uma parcela da nossa vida, como a cada momento. E um novo ciclo se abre com o Novo Ano que dizem se inicia mesmo depois do Carnaval. Ah, não temos carnaval há dois anos? Bom... A nós caberia poder continuar a construir o tempo, talvez em parcelas menores, mas felizes...
Não sou daqueles que se reconhecem pessimistas. Nem chego a ser significativamente otimista. Mas acho que dá para me ver no meio, como um realista, mas cheio de esperanças. E como não chego a acreditar em gente que se vê autossuficiente, procuro outras mãos que se proponham a colaborar. Que venham as mãos. Mãos que sejam fortes e firmes e dispostas a construir sempre. Elas estão por aí, basta olhar melhor, vamos vê-las, reconhecê-las. Quando elas se juntam as nossas tornam-se iluminadas. Percebemos até melhor o caminho a que nos dispusemos.
Ao final de um ciclo não há como deixar de pensar no que fizemos, no que alcançamos. Com todos os males nos cercando quanto conseguiu fazer? Mesmo que só para você? Gente, acho até que meu saldo é relativamente positivo, tanto que acredito que o Papai Noel, lá em Dezembro, foi até bem generoso comigo, quando nem imaginava guerras próximas a poder me afetar emocional e economicamente.
De fato, este ano já vai se avançando rápido. Agora teremos outros tempos mais. E vamos construindo (reconstruindo?) nossa vida a nosso jeito no novo ciclo. Ainda que com gente que acredita (?) que os males pandêmicos já se foram. Quer arriscar? Vai com cuidado, por favor. Os problemas ainda estão aí, não vamos fingir não saber. Atenção! Você certamente ainda se ama.
Sim! Claro! Tenhamos esperanças nos tempos adiante. Mas isso também há de ser bom se cuidarmos do que vai acontecendo a nosso lado. Eu quero sentir, e sinto, que teremos mais oportunidades de acertar aquilo que talvez não tenha dado certo no ano passado. Sei que teremos de ir tentando fazer, tempo a tempo, passo a passo. Vamos conseguir erguer novos espaços, novos tempos.
Abaixar a cabeça para dormir podemos. Mas não temos de fazer isso o tempo todo.
Não consigo me deixar vazio de esperanças. Minhas mãos estão cheias de vontade e há espaço para construirmos juntos. Juntos podemos mais. Vamos nos dar as mãos.