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Jornal Diário de Suzano - 25/04/2024
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Coluna

Transitar

14 março 2020 - 01h07
Esta semana um rapaz, dirigindo um carro (parecia mesmo que era ele que dirigia), em plena Rua Gal. Glicério, em Suzano, bem no Centro, junto à Praça João Pessoa, tive a sensação, bem desagradável, de que quase me atropelou, de que iria me atropelar. Um desses carros bem caro. Ele vinha em velocidade média, e deu uma acelerada (será que queria mesmo me impressionar?) e reduziu bem perto de mim. E ria, talvez imaginado o enorme susto que teria me causado. De fato, tive a sensação de que ele se exibia. Como eu estava de chapéu e óculos escuros, talvez ele nem tenha visto os meus cabelos brancos (mas será mesmo que lhe faria alguma diferença?). Claro, pulei na calcada ao me dar conta da acelerada do carro. Estava c om janela aberta e com um dos braços para fora. Deve ter se divertido mesmo. Sentiu-se dominador. Ele determinava.
Lembrei disso (aquela situação desconfortável deve ter ficado em mim) quando hoje, numa farmácia, vi uma bengala, e perguntei sobre ela. A balconista me explicou as condições de uso do instrumento. E completou, “também serve de defesa”, e fez um gesto de ataque a alguém. E completou: “Especialmente os idosos estão mais sujeitos a situações desconfortáveis”. Caramba, eu sempre aconselhei (como aprendi) a ninguém nunca jamais reagir a um ataque.
Em casa lembrei novamente do motorista “irreverente” (desrespeitoso?). E lembrei de Gramado, aquela linda cidade do Sul, que nos faz imaginar estarmos em outro país. Quem puder busque conhecer. Imagina uma cidadezinha com 36 mil habitantes que recebe todos os anos cerca de 2 milhões de visitantes. Sem se desesperar. Pois numa aldeiazinha dessas não tem nenhum farol, nenhum semáforo, nas ruas. Tem faixas de pedestres em muitos pontos. E um pedestre que esteja numa dessas faixas “impõe”, obrigatoriamente, a parada de todo e qualquer veículo, moto, carro, ônibus. E todo mundo respeita, sem reclamações, como coisa absolutamente natural. E não há atropelamentos, o que já seria um escândalo muito maior do que em qual quer outra parte.
Já disse isso para amigos de nossa Campos do Jordão, e senti dificuldade deles entenderem. “Paulista é mais complicado!”, já ouvi essa frase algumas vezes. Pois lá em Gramado se vê carros de todo o Brasil, de Minas, da Bahia, de Brasília e por aí vão. Mas, ainda que não quisessem ver o que propunha, nunca me desmentiram, pois, minha gente, posturas educativas sempre se aprende, se adquire. Leva um tanto de tempo, mas se incorpora.
Acredito muito que podemos implantar boas posturas em nossa gente suzanense, desde que iniciemos o processo educacional. Em Gramado, cada funcionário de loja, de restaurante, de turismo etc, tem três anos para mostrar que estuda para se aperfeiçoar na sua área e se mostrar um bom profissional. E com isso tem até a possibilidade de ter um financiamento para a casa própria.
Talvez (ou muito provavelmente!) alguns creiam que a sua Cidade é muito diversa dessa lá do Sul. Sei, a nossa gente é diferente. Mas qualquer um pode aprender. Trabalhei nisso e vi os resultados se exibirem. Vale refletir. Podemos aprender a transitar diferente.