Nos dias atuais a maioria das pessoas está ocupada demais para dar um atendimento personalizado a quem necessita. Houve um tempo, há algumas décadas, quando a vida parecia correr mais devagar; então, havia tempo para acompanhar mais de perto e efetivamente a vida das pessoas necessitadas, fosse uma necessidade material, emocional ou espiritual. Hoje tudo acontece de forma massificada. Com o avanço tecnológico, ao mesmo tempo em que mais gente é alcançada por um vídeo, live, mensagem, ministração, menos assistidos nos sentimos. Creio que isso se deve ao fato de que nós, seres humanos, precisamos das interações presenciais; precisamos do olho no olho, do toque, do abraço carinhoso, precisamos ser ouvidos e também falar; muitas dessas interações são difíceis de serem praticadas nesses tempos de pandemia.
Existem momentos em nossa vida em que nos sentimos amargurados em razão das perdas e mudanças repentinas. Muitas vezes as coisas não acontecem como planejamos. Sofremos pela mudança de ambiente, mudanças no nosso corpo, quando envelhecemos, por exemplo; mudanças financeiras, mudanças na família, pela separação de quem amamos, seja pela distância ou pela morte. No livro de Rute, encontramos a história de Noemi. Que amargura sentia Noemi! Que dor profunda! Quanto choro! Quanta desesperança acometeu aquela mulher! Uma mulher que sempre andou à sombra de seu marido, que foi submissa, mansa, boa mãe, uma sogra amorosa. Uma serva de Deus que cuidava de todos a sua volta! Uma mulher forte! Precisamos nos lembrar, entretanto, que os "fortes" também tombam; os "fortes" precisam de um ombro amigo, de ouvidos que os ouçam sem julgar, de uma mão estendida para acolher e ajudar. Que guerreiro forte e corajoso foi o rei Davi! Mas ele também passou por muitos momentos de fragilidade. No Salmo 13, Davi expressa a sua imensa tristeza e amargura pela perseguição que estava sofrendo. Não sabemos se ele se referia ao rei Saul ou a Absalão, seu próprio filho, uma vez que ambos o perseguiram. "Até quando, Senhor? Esquecer-te-ás de mim para sempre? Até quando ocultarás de mim o rosto? Até quando estarei eu relutando dentro de minha alma, com tristeza no coração cada dia? Até quando se erguerá contra mim o meu inimigo?" (Sl 13.1-2). Infelizmente, coisas ruins sobrevêm a todos. E, muitas vezes, não temos como explicar isso. Noemi tinha perdido o marido e os seus dois filhos. O que fazer da vida dali para frente?
Vivendo essa difícil realidade, Noemi ouviu falar que "o Senhor se lembrara de seu povo, dando-lhe pão". (Rute 1:6) Assim, decidiu voltar para a sua terra natal. Deus tem pão para você, querido leitor, que está-se sentindo sem chão. Você é amado por Deus, e Ele tem coisas novas para a sua vida, mesmo que esteja vivendo tantos conflitos. Ele está providenciando graça, cuidado, saúde, restituição, bênçãos em sua família e alegria de viver. "Calma, Noemi, Deus está agindo em seu favor! Ele não abandonou você!" Embora os relacionamentos estejam ficando frios e superficiais, Deus sempre levanta alguém para se importar com a nossa dor e nos dar suporte na hora da necessidade. Na história de Noemi, Deus levantou a vida de Rute (a nora) para ajudá-la a seguir em frente. Coisa que muitas vezes não acontece entre mãe e filha, esposa e marido, entre irmãos. Em certas ocasiões da vida, precisamos de uma mão amiga para nos ajudar a prosseguir. E atitudes falam mais do que mil palavras. Voltando para Judá, Noemi esperava um tempo novo. E esse tempo novo começou para ela e a sua nora, Rute. Deus sempre abre diante de nós um bom caminho, através do qual poderemos viver aquilo que Ele tem para nós. Que tenhamos sensibilidade e disponibilidade para ajudar!