A possibilidade de exclusão num mundo tão competitivo e preconceituoso nos faz viver com o sentimento de que podemos ser rejeitados a qualquer momento. Se não estivermos seguindo a onda, podemos ficar à margem. Existe uma tendência de uniformização do pensamento, dos comportamentos, para que todos caibam em uma mesma "caixinha". E, se alguém destoar, estará fadado à rejeição. Infelizmente, podemos ser excluídos, humilhados, maltratados, esquecidos e deixados de lado. Que sensação ruim é sentir-se excluído! Apesar de se falar tanto em inclusão, vivemos no mundo dos excluídos. Para cada vencedor existe uma lista imensa de concorrentes eliminados. Exclui-se em função da cor, da classe social e econômica, do gênero, da religião, do grau de escolaridade, do mérito, da forma de pensar... Mesmo com tanta luta, e alguns avanços, os excluídos estão por toda parte da sociedade.
Normalmente, escolhemos conviver com pessoas cujos pensamentos e comportamentos se assemelham aos nossos. Não sabemos lidar bem com as diferenças. Se você for diferente da maioria, em algum momento será criticado e rejeitado. Em Mateus 11:18-19, Jesus fala exatamente sobre a crítica de seus contemporâneos - "João Batista jejua e não bebe vinho, e todos dizem: "Ele está dominado por um demônio". O Filho do Homem come e bebe, e todos dizem: "Vejam! Este homem é comilão e beberrão! É amigo dos cobradores de impostos e de outras pessoas de má fama". Jesus não agia como os religiosos de sua época. Ele acolhia as crianças e as mulheres, conversava com pessoas de má fama e excluídas, participava de festas se o convidavam, acolhia as pessoas rejeitadas, transformando a condição delas, reagia de forma inusitada diante de situações problemáticas, contava histórias, apontava a hipocrisia dos religiosos com dureza, chamando-os ao arrependimento. Jesus não se importava com a opinião de seus críticos. Ele mesmo sofreu a rejeição - "Veio para os seus, mas os seus não O receberam. Mas a todos quantos O receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus". (João 1:11-12)
Todos nós precisamos de acolhimento, afeto, respeito, amor, de amizade. Como as pessoas precisam ser amadas! Não apenas um afeto momentâneo, passageiro, mas aquele amor genuíno, que busca o interesse do outro, que vai ao encontro do outro, que estende as mãos para ajudar. As pessoas precisam sentir que, de fato, nos interessamos por elas. Nesse sentido precisamos ter sempre em mente que "mais feliz é aquele que dá do que aquele que recebe". Receber é a lógica humana. Dar é essência divina, a qual devemos imitar. Jesus sempre demonstrou amor para com aqueles considerados excluídos. As nossas atitudes repercutem, muito mais do que se imagina, na sociedade em que vivemos. Não significa tratar bem apenas as pessoas mais próximas, pelas quais temos empatia, mas também aquelas que estão ao nosso redor e, muitas vezes, nem nos damos conta de que elas existem. Olhar nos olhos, sorrir com sinceridade, ouvir com real interesse o que o outro tem a dizer, estender as mãos para ajudar - são atitudes que fazem a diferença na sociedade. Em vez de "muros" deveríamos construir mais "pontes" no mundo!