Nem sempre o que desejamos é o melhor para nós. Nesses dias, em que a "gratificação instantânea" é buscada a qualquer preço, tem-se a ideia enganosa de que todos os nossos desejos podem e devem ser satisfeitos. Mas isso não é verdade! Muitos agem como a criança mimada, que faz birra, quando quer ter a sua vontade atendida. Em geral, as crianças fazem birra por um doce, por um brinquedo, ou algo afim. Então, os pais, temendo o escândalo, a vergonha, muitas vezes acabam cedendo. Todavia, esse comportamento dos pais não vai educar a criança; pelo contrário, todas as vezes que a criança quiser algo, e não for atendida de imediato, repetirá o comportamento da birra. Existem muitos adultos, que seguem pela vida com comportamentos imaturos, porque não aprenderam a ouvir "não". "Não", porque não é o momento; "não", porque não fará bem para você; "não", porque trará consequências desastrosas no futuro. Muitas vezes agimos com Deus como as crianças que fazem birra. Em nossas orações, pedimos insistentemente para que Deus nos atenda em algo que julgamos ser muito bom para nós, deixando de submeter o nosso pedido ao critério D'Aquele que sabe todas as coisas; inclusive, que vê lá na frente! Existe uma oração que entendo ser a mais difícil de ser feita - "Que seja feita a Tua vontade, Pai, e não a minha". Foi essa oração que Jesus fez no Monte das Oliveiras, prestes a enfrentar a cruz. "Pai, se queres, afasta de mim este cálice de sofrimento! Porém que não seja feito o que eu quero, mas o que Tu queres". (Lucas 22:42) Até que ponto estamos dispostos a submeter a nossa vontade à vontade de Deus?! Queremos que os nossos planos deem certo. E, geralmente, quando isso não acontece, ficamos tristes, desanimados, e nos sentimos derrotados. Há momentos na vida em que as coisas ficam realmente difíceis. E, muitas vezes, perguntamos a Deus - "Por quê?" Não conseguimos enxergar propósito para o sofrimento pelo qual passamos. Temos a sensação de que Deus nos abandonou entregues à própria sorte. Muitas vezes a resposta não vem conforme esperamos. Nem no tempo em que planejamos! E só é possível enfrentar o "não" de Deus, quando verdadeiramente cremos que Ele é amor e faz o melhor por nós! Os pais, quando dizem "não" para seus filhos, fazem isso para o bem deles, a fim de educá-los para o enfrentamento de perdas, frustrações e limites. Pais que dizem sempre "sim" estão conduzindo os filhos para o abismo. Isso me faz lembrar de um acontecimento no deserto de Sim, quando o povo, cansado de comer maná, queria comer carne a qualquer preço. E não havia carne disponível naquele momento. Então, agindo como crianças que fazem birra, choraram, gritaram, espernearam, rebelaram-se contra os líderes, a fim de obterem o que desejavam. Puseram Deus à prova, pedindo a comida que queriam. "Eu quero aqui e agora. Vai ser do meu jeito e não do jeito de Deus". Sendo assim, a lição foi dura! Deus mandou um vento que trouxe codornizes do mar, e elas caíram em volta do acampamento. O povo, desesperado, comeu tanto daquela carne, de modo que muitos morreram em razão de um tipo de intoxicação alimentar, conforme registrado em Números 11:1-35. Nem sempre o que queremos vai ser bom para nós. Em Romanos 12:2, o apóstolo Paulo fala sobre a necessidade de sermos transformados por meio de uma completa mudança na nossa mente, para que conheçamos a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a Ele. Se nós decidimos o que é certo ou errado, o que é bom ou mau, de acordo com os nossos próprios critérios, não conheceremos essa boa, perfeita e agradável vontade de Deus. Ficaremos, sim, reféns de consequências que podem ser desastrosas. Quão diferente é uma vida guiada pelo Espírito Santo! Uma vida que se rende à vontade de Deus, mesmo sem entendê-la, algumas vezes! Simplesmente, porque crê e confia que Deus faz o melhor por e para seus filhos!