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Jornal Diário de Suzano - 20/04/2024
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Coluna

Um mundo de injustiças

29 agosto 2021 - 05h00

Viver nesse mundo, procurando fazer o que é certo e justo, é um grande desafio! Os sistemas, a sociedade como um todo, funcionam de forma distorcida e injusta. Se formos analisar, por exemplo, a questão da desigualdade econômica/social, constataremos que, se o mundo fosse um bolo, 80% do bolo seria para aqueles que já detêm a maior parte das riquezas do mundo, e 20% do bolo seria para a grande massa da população mundial. Segundo dados de 2018, mais da metade da população mundial vive com renda entre 2 e 10 dólares. No Brasil ocorre realidade semelhante - 1% dos bilionários do país já detém metade da riqueza nacional. Ou seja, quem precisa menos tem mais, e quem precisa mais tem menos! Como fazer com que o mundo funcione de forma justa, sustentável e solidária, sem tamanha concentração de renda? Parece uma missão impossível! E, nessa reflexão, o autor do livro de Eclesiastes, que considera quase tudo uma grande ilusão e inútil, diz: "Então olhei de novo para toda a injustiça que existe neste mundo. Vi muitos sendo explorados e maltratados. Eles choravam, mas ninguém os ajudava. Ninguém os ajudava porque os seus perseguidores tinham o poder do seu lado". Salomão está deixando registrado que a injustiça domina o/no mundo, o qual é controlado pelos poderosos e opressores. Deus, no entanto, não aprova a injustiça, que soa como um acinte ao Seu caráter absolutamente justo.
No Reino de Deus a justiça é um valor que deve ser buscado e praticado por nós! Um cristão não deve aceitar a injustiça passivamente. Mais do que isso, devemos evitar cometer injustiças. Em cometendo, devemos nos comprometer com a reparação. Na Bíblia a palavra "justiça" aparece 371 vezes. Mais do que a palavra "amor" que aparece 245 vezes. Todavia, sem amor genuíno a justiça se torna falha e vazia. Em um mundo de tantas injustiças há muita gente querendo fazer justiça com as próprias mãos, esquecendo-se de que a nossa falha justiça humana não opera a justiça de Deus. Ao cristão compete ser justo e praticar a justiça, ainda que isso lhe custe! Mas nós nunca seremos perfeitamente justos. Só Deus o é! 
Vamos pensar um pouco sobre como Jesus entendia a justiça. Em Mateus 20:1-16 está registrada a parábola dos trabalhadores da plantação de uvas. Se estivéssemos no lugar dos trabalhadores que trabalharam mais horas, recebendo o mesmo que os que trabalharam menos, provavelmente, protestaríamos como fizeram os trabalhadores que se sentiram injustiçados. Como qualificar a atuação do dono da plantação que ofereceu uma recompensa igual por um trabalho tão desigual? Parece razoável e justo que aqueles que trabalharam mais deveriam receber mais. Os trabalhadores que trabalharam mais horas receberam o denário estipulado pelo proprietário da vinha; contudo, ao verem o tratamento tão generoso que receberam os últimos contratados, sentiram-se no direito de exigir mais. Não aceitaram o critério do patrão. Em outro contexto, foi o pensamento do irmão do filho pródigo - "esse meu irmão gastou o dinheiro do meu pai, não o valorizou, aprontou todas, e agora é recebido por meu pai com festa?! Como assim? Isso não é justo! Eu sempre fui fiel ao meu pai; portanto, mereço reconhecimento". Assim, funciona o nosso mundo. Mas Jesus está falando da justiça da graça. O amor de Deus suplanta a lógica humana e as regras; seu amor considera a necessidade do ser amado, não o seu desempenho nem os seus méritos. Se estivéssemos ao lado de Jesus, quando prometeu o paraíso ao malfeitor que pediu para ser lembrado, talvez não acharíamos isso justo. Quem sabe pensaríamos - "mas esse ladrão aprontou todas e, agora, no momento derradeiro, recebe a salvação e entra no reino dos céus assim tão facilmente?!" Na contramão de tudo o que os escribas e fariseus ensinavam, Jesus deixa a grande lição - "Sim, é pela graça; caso contrário, nenhum de nós seria aprovado!"