A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) disse em sua defesa, feita ontem no plenário do Senado Federal, que se o impeachment se concretizar, o País estará "a um passo da concretização de um verdadeiro golpe de Estado".
Na sua avaliação, a abertura do processo se deu em razão de não ter curvado às chantagens do presidente afastado da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Este processo de impeachment foi aberto por chantagem explícita de Cunha, mas nunca aceitei em minha vida ameaças e chantagens." E frisou: "Se tivesse me acumpliciado, não correria o risco de ser condenada injustamente."
No discurso, Dilma disse que ela e seu padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deram todas as condições para que as investigações em curso no País fossem realizadas. "Assegurei autonomia do Ministério Público."
Ainda no discurso, a petista justificou o que considera de injustiça do processo de impeachment, destacando que tem orgulho de não ter enriquecido em cargo político e nem conta no exterior E frisou que hoje "viola-se a democracia e pune-se uma inocente " E repetiu que o País está a um passo da consumação de uma grave ruptura institucional.
AÉCIO NEVES
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou ontem que a presidente afastada, Dilma Rousseff, fez um discurso político sem dar respostas para as acusações no processo a que responde por crime de responsabilidade. Para o tucano, que será o próximo a perguntar para Dilma logo após a retomada da sessão, a fala da petista não vai mudar em nada o resultado do julgamento.
"As respostas estão longe de serem objetivas", criticou Aécio, para quem ela tem usado a falta de delimitação de tempo para fazer discurso político. "As ilegalidades cometidas não se restringem aos autos", completou.