A agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota do Brasil, mas manteve o grau de investimento. A nota passou de BBB para BBB-, com perspectiva negativa. Essa nota (BBB-) é a última do grau de investimento. Se o País for rebaixado de novo, cai para a categoria de investimento de risco (a partir de BB+). Segundo a Fitch, a decisão reflete o crescimento do peso da dívida brasileira, aumento dos desafios para consolidação fiscal e piora do cenário econômico. Para a agência, a perspectiva negativa deve persistir enquanto a incerteza política continuar pesando sobre a confiança, atrasando a recuperação do investimento e do crescimento e aumentando os riscos para a consolidação de um Orçamento a médio prazo, necessário para a estabilização da dívida. Em 9 de setembro, Standard&Poor's retirou o grau de investimento do Brasil, ao reduzir a nota de crédito de BBB- para BB+. A agência também colocou o País em perspectiva negativa, ou seja, há chance de nova revisão para baixo no futuro. O grau de investimento é conferido a países considerados bons pagadores e seguros para investir. REBAIXAMENTO O diretor-executivo da Fitch no Brasil, Rafael Guedes, ressaltou ontem que "a Fitch geralmente não faz rebaixamento em dois graus de uma vez". Segundo ele, o "histórico de ratings soberanos, a menos que haja um evento, que mude estruturalmente a expectativa com relação aquele país, não leva a haver um rebaixamento em dois graus". "O rebaixamento acontece a cada vez, a cada comitê ou por vez", destacou Rafael Guedes, que participa do "Seminário Brasil 2016", promovido pela Amcham em São Paulo. "Tem que haver um evento que mude estruturalmente um país para ter uma alteração do rating em 2 ou mais graus”. Guedes destacou que "o Comitê (sobre Brasil) pode se reunir a qualquer momento, até abril de 2016", um ano depois da última decisão da agência sobre o País. O diretor-executivo da Fitch destacou que "no momento, impeachment não é cenário base" da agência para o Brasil. "Impeachment sempre é negativo para rating. Certamente traz instabilidade política e econômica e não é positivo". Ele diz que "não fazer nada no momento" não é favorável ao País, referindo-se à falta de apoio do Congresso para a aprovação de medidas fiscais sugeridas pelo governo.