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Jornal Diário de Suzano - 24/04/2024
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Editorial

Estrangeiros

06 agosto 2018 - 23h59
Reportagem publicada pelo DS na semana passada mostrou dados do último Atlas Temático elaborado pelo Observatório das Migrações em São Paulo, da Unicamp, que apontou que há 663 estrangeiros vivendo nas cidades do Alto Tietê. 
O estudo, lançado em abril, é o mais recente parâmetro da situação imigrante no Estado e traduz uma realidade ainda pouco percebida aos olhos da sociedade. Do total de estrangeiros na região, pelo menos 30,1% provém de países da América do Sul, como bolivianos, chilenos, colombianos, paraguaios e peruanos, somando 200 pessoas. Já a nacionalidade haitiana lidera a lista com 99 imigrantes oriundos do mesmo país caribenho.
Em âmbito nacional, a marca da imigração no Brasil pode ser percebida especialmente na cultura e na economia das duas mais ricas regiões brasileiras: Sudeste e Sul.
A colonização foi o objetivo inicial da imigração no Brasil, visando ao povoamento e à exploração da terra por meio de atividades agrárias. A criação das colônias estimulou o trabalho rural, segundo especialistas. Deve-se aos imigrantes a implantação de novas e melhores técnicas agrícolas, como a rotação de culturas, assim como o hábito de consumir mais legumes e verduras. A influência cultural do imigrante também é notável.
A reportagem do DS mostrou que o levantamento detalha a incidência da imigração em cada município paulista. No Alto Tietê, Mogi das Cruzes é a cidade com mais estrangeiros. O estudo contabilizou pelo menos 229 pessoas do exterior vivendo no município mogiano, das quais 20% são japoneses; 10% haitianos e portugueses; e 9,1% chineses. Em Itaquaquecetuba, dos 136 imigrantes, 33,8% são bolivianos; 11% são haitianos e 9,5% são colombianos. Já em Suzano, de acordo com o Atlas Temático, há 132 imigrantes, sendo 26,5% haitianos; 20,4% japoneses e 7,5% chineses e bolivianos. 
No processo de urbanização, assinala-se a contribuição do imigrante, ora com a transformação de antigos núcleos em cidades (São Leopoldo, Novo Hamburgo, Caxias, Farroupilha, Itajaí, Brusque, Joinville, Santa Felicidade etc.), ora com sua presença em atividades urbanas de comércio ou de serviços, com a venda ambulante, nas ruas, como se deu em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Outras colônias fundadas em vários pontos do Brasil ao longo do século XIX se transformaram em importantes centros urbanos. É o caso de Holambra SP, criada pelos holandeses; de Blumenau SC, estabelecida por imigrantes alemães liderados pelo médico Hermann Blumenau; e de Americana SP, originalmente formada por confederados emigrados do sul dos Estados Unidos em consequência da guerra de secessão. Imigrantes alemães se radicaram também em Minas Gerais, nos atuais municípios de Teófilo Otoni e Juiz de Fora, e no Espírito Santo, onde hoje é o município de Santa Teresa.
Em âmbito regional, Suzano abriga a maior parte dos haitianos estabelecidos na região- 35,3% deles estão no município suzanense. A capacidade de contribuição dos imigrantes é reconhecidamente importante não somente em Suzano, mas na região e no Estado.