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Jornal Diário de Suzano - 19/04/2024
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Editorial

Órfãos da Covid-19

20 outubro 2021 - 05h00

Reportagem publicada no portal da Agência Brasil mostra que, ao menos, 12.211 crianças de até seis anos de idade no Brasil ficaram órfãs de um dos pais vítimas da C ovid-19 entre 16 de março de 2020 e 24 de setembro deste ano.
Um número preocupante que, infelizmente mostra a gravidade da doença, desde o início do ano passado.
Segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), 25,6% das crianças de até seis anos que perderam um dos pais na pandemia não tinham completado um ano.
Já 18,2% tinham um ano de idade; 18,2%, dois anos de idade; 14,5%, três anos; 11,4%, quatro anos; 7,8% tinham cinco anos e 2,5%, seis anos. São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Ceará e Paraná foram os estados que mais registraram óbitos de pais com filhos nesta faixa etária.
Os dados foram levantados com base no cruzamento entre os CPFs dos pais nos registros de nascimentos e de óbitos feitos nos 7.645 cartórios de registro civil do País desde 2015, ano em que as unidades passaram a emitir o documento diretamente nas certidões de nascimento das crianças recém-nascidas em todo o território nacional.
Para além da tragédia emocional, muitas famílias perderam pais ou mães que eram as principais fontes de renda da casa. 
Especialistas defendem que haja inclusão imediata desses menores de idade em programas de transferência de renda, para combater a vulnerabilidade financeira e social que vem junto com a orfandade. Essa seria uma necessidade especialmente verdadeira no Brasil, onde a maior parte dos órfãos perdeu o pai, historicamente o responsável pelo sustento financeiro do lar.
Conforme reportagem da Agência Brasil, os números obtidos pela Arpen-Brasil, entidade que representa os cartórios de registro civil do Brasil e administra o Portal da Transparência, mostram que 223 pais morreram antes do nascimento de seus filhos, enquanto 64 crianças, até a idade de seis anos, perderam pai e mãe vítimas da Covid-19.
Não há dúvida de que a base de dados dos cartórios tem auxiliado constantemente os poderes públicos, os laboratórios e os institutos de pesquisas a dimensionar o tamanho da Covid-19 no País. O fato de haver parceria com a Receita Federal para a emissão do CPF na certidão de nascimento dos recém-nascidos permitiu chegar a este número parcial, mas já impactante.
No Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, ao menos 774 crianças de até seis anos de idade ficaram órfãs de um dos pais vítimas da Covid-19 entre 16 de março de 2020 e 24 de setembro deste ano. Os dados foram levantados com base no cruzamento entre os CPFs dos pais nos registros de nascimentos e de óbitos feitos nos 168 cartórios de registro civil do estado.
Segundo o levantamento, no estado do Rio, 23 pais faleceram antes do nascimento de seus filhos, enquanto cinco crianças, até a idade de seis anos, perderam pai e mãe vítimas da covid-19.