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Jornal Diário de Suzano - 23/04/2024
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Editorial

Violência no trabalho

14 outubro 2017 - 05h00
Na semana passada, o DS trouxe reportagem mostrando que não é somente os professores da Capital que sofrem com violência em sala de aula. No Alto Tietê, a situação se repete, segundo o Sindicato Oficial dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp).
A violência contra essa categoria traz grande preocupação. Ontem, novamente foi divulgado levantamento mostrando violência contra outro tipo de categoria, que também sofrem com agressões. Dois em cada dez pediatras no Brasil têm sido submetidos frequentemente a atos de violência em seu ambiente de trabalho. O dado está presente em uma pesquisa elaborada pelo Instituto Datafolha, sob encomenda da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que captou, em janeiro, a percepção de 1.211 pediatras de todos os estados. O resultado foi apresentado no 38º Congresso Brasileiro de Pediatria, em Fortaleza.
Em estruturas da rede pública de saúde, a incidência de tais casos aproxima-se de 30%, atingindo 26% do universo de médicos dessa especialidade. Em hospitais e consultórios privados, o indicador é de 12%. Outra revelação do levantamento é que 53% dos profissionais dividem o tempo entre expedientes das duas esferas.
A lastimável situação é uma realidade que não fica restrita somente aos pediatras brasileiros, constituindo-se na vida da maioria dos médicos. Para que esse quadro seja desenredado, os órgãos representativos da categoria precisam se mobilizar.
Para especialistas, a sociedade se encontra em um momento delicado, porque a violência começa a fazer parte dos “nossos dias”. A situação de trabalho também é muito estressante para os médicos e, além disso, há um volume muito grande de pacientes. Há vários fatores na determinação dessa violência.
A atual diretora-geral do Hospital Geral Doutor Waldemar Alcântara, da rede estadual do Ceará, Fernanda Colares Borba Netto, conta que, embora tenha escolhido a profissão por seus ideais humanitários, já amargou a violência que atinge grande parte de sua categoria. Após deixar para trás um cargo público no Rio de Janeiro, seu estado de origem, a médica desenvolve atualmente, no hospital que comanda no Ceará, atividades de prevenção à violência, que vão de oficinas com acompanhantes dos doentes crônicos lá tratados a sessões de cinema e de terapia em grupo com a equipe de psicólogos do quadro.
Os números, sem dúvida, preocupam e merecem uma reflexão direta por parte das autoridades de saúde. Também é preciso buscar soluções claras para que os médicos possam atuar com mais tranquilidade.