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Jornal Diário de Suzano - 23/04/2024
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Esportes

Ex-jornalista do DS relança livro sobre racismo na Copa de 1958

Fábio Mendes é autor de “Campeões da Raça”, que traz bastidores da seleção brasileira dos anos 1950 e conta como Pelé e Garrincha quase ficaram de fora do Mundial por preconceito racial

22 novembro 2021 - 14h26Por de Suzano

Há pouco mais de 60 anos, o Brasil conquistava seu primeiro título mundial de futebol. Uma geração de jogadores excepcionais como Pelé, Garrincha, Didi e Djalma Santos deu show nos campos da Suécia e conquistou a Copa do Mundo de 1958. No entanto, para chegar à glória, esses jogadores tiveram de enfrentar não apenas as adversidades comuns ao esporte, mas também o intenso preconceito racial que vigorava no futebol brasileiro de então. Esta é a história retratada no livro “Campeões da Raça – Os Heróis Negros da Copa de 1958”, que ganha reimpressão este mês.

O autor do livro é o jornalista e escritor Fábio Mendes, que já atuou como repórter e chefe de reportagem do DS. A obra foi finalista do Prêmio Livro-Reportagem Amazon de 2019.

O livro foi lançado oficialmente em junho de 2018, como forma de celebrar os 60 anos da conquista. O prefácio do livro foi escrito por Mauro Beting, um dos mais respeitados jornalistas esportivos do país.

Para produzir o livro, Mendes entrevistou ex-jogadores, dirigentes e jornalistas que viveram a saga da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1958. O trabalho traz relatos exclusivos e também fotos e reportagens do período.

“Estamos acostumados a ler e ouvir as histórias de 1958 sob uma visão mais lúdica, de grandes malabaristas da bola que foram à Suécia, deram um espetáculo em campo e conquistaram o título. Mas os jogadores tiveram de lutar muito contra o preconceito racial para chegarem à glória”, explica o autor.

Hoje, os atletas que disputaram o torneio são vistos como heróis, mas Mendes frisa que nem sempre foi assim.

“Até 1958, era comum se disseminar a ideia de que jogadores negros e mestiços não tinham condições psicológicas de disputar jogos decisivos. Essa tese era reforçada cada vez que a seleção era eliminada em uma Copa do Mundo ou outra competição importante”.

O autor lembra que, mesmo em 1958, a seleção brasileira estreou na Copa do Mundo com um time quase que inteiramente branco. “Apenas do decorrer do campeonato os principais jogadores ganharam a titularidade. Hoje, é impensável uma situação em que jogadores como Pelé e Garrincha ficassem no banco de reservas.”

O livro

“Campeões da Raça” aborda o rico e conturbado cenário do futebol brasileiro na década de 1950. Além de uma contextualização sobre a inserção do negro nos primórdios do futebol, o livro relembra passagens marcantes da seleção brasileira desde o Mundial realizado no Brasil até a conquista definitiva do mundo nos gramados da Suécia, oito anos depois.

Em toda essa trajetória, vários craques despontaram para o futebol mundial, mas também foram violentamente arrancados do cenário esportivo. Não raro, vítimas do racismo.

“Quando começou a ser montada a delegação que viajaria para a Suécia, o preconceito racial mostrou a sua cara de forma terrível”, revela Mendes. “Por isso, não é exagero chamar os jogadores de 1958 de ‘heróis’. Eles realmente tiveram de superar obstáculos nos quais muitos sucumbiram”.

Reimpressão

Devido aos pedidos de leitores interessados em conhecer mais os bastidores da seleção brasileira na Copa de 1958, o livro ganha uma nova reimpressão.

Além da versão impressa, “Campeões da Raça” também está disponível em versão digital para a plataforma Kindle, da Amazon. “Quem não possui o Kindle pode ler o livro pelo celular, baixando o aplicativo, ou mesmo pelo computador ou tablet. Quem assina o serviço Kindle Unlimited tem acesso gratuito ao meu livro”, informa o jornalista.

É possível comprar o livro, tanto na versão impressa quanto digital, pelo site oficial do jornalista: www.fabiomendesjor.com.br

Reconhecimento

Após o lançamento do livro, Mendes tem participado de diversos programas de rádio e TV para falar sobre futebol e racismo, além de contar detalhes sobre os bastidores da Copa de 1958. Ele também tem participado de diversas palestras e debates sobre o assunto.

Em 2019, “Campeões da Raça” foi finalista do Prêmio Livro-Reportagem Amazon, superando a concorrência de outros 160 livros. “Conferi alguns dos livros que disputaram a premiação e o nível era muito elevado. Por isso, ser indicado foi uma grande alegria para mim”, comemora.