Para ganhar contratos com a CBF, a regra é simples: pagar subornos. Quem fez a confissão foi o empresário brasileiro, José Hawilla, pivô do maior escândalo do futebol internacional e que levou cartolas à prisão. Nesta semana, a Justiça norte-americana publicou a íntegra de seu depoimento. Nele, o brasileiro entregou a cúpula da CBF e revelou como pagou por mais de 20 anos subornos para ficar com contratos. Ele ainda acertou um acordo, devolvendo R$ 575 milhões e denunciou Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero. Em 12 de dezembro de 2014, Hawilla esteve diante de um juiz de Nova York, Raymond Dearie, e explicou que as propinas eram necessárias para garantir à Traffic contratos. Ele confessou ser "culpado" pelas acusações e indicou que o pagamento das propinas começou ainda em 1991. Ainda entregou a direção da CBF, acusando-a de ter recebido parte do suborno. "Desde 1980 eu desenvolvo meu projeto por meio da minha empresa Traffic. Eu comprei os direitos para eventos de futebol e comecei a promovê-los de uma maneira legítima pelo mundo", explicou o empresário, segundo a transcrição da audiência obtida pelo jornal O Estado de S.Paulo. Mas tudo começaria a mudar. "Quando eu fui renovar o contrato para um desses eventos, a Copa América em 1991, um dirigente associado à Fifa e sua federação, Conmebol, me pediu propina para eu assinar o contrato", contou. "Eu precisava do contrato por que eu havia assumido compromissos futuros. Apesar de eu não querer, eu concordei em pagar a propina àquele dirigente". "Depois disso e até 2013, outros dirigentes do futebol vieram a mim pedir propinas para assinar ou renovar contratos. Eu concordei em pagá-los por contratos de direitos de marketing para vários torneios e outros direitos", explicou. "Eu concordei em pagar propinas para contratos para a Copa América, a Golden Cup, para a Copa do Brasil e para o acordo de patrocínio para a seleção brasileira", disse. Nos documentos que levaram à prisão de José Maria Marin, o ex-presidente da CBF foi gravado afirmando ao empresário que gostaria que o dinheiro da propina da Copa do Brasil fosse para ele. Os contratos de Hawilla com a CBF de 15 de agosto de 2012 envolvendo o torneio brasileiro foram, segundo os documentos da corte, entregues ao FBI. Segundo as investigações, Marin e Marco Polo Del Nero estariam entre os beneficiários do dinheiro. A reportagem apurou que, instantes antes da conversa, o atual presidente da CBF insistiu com Marin para que ele não conversasse com Hawilla, alertando que o empresário estava sob investigação nos Estados Unidos. Marin não deu ouvidos ao seu ex-vice-presidente. Del Nero, porém, não abriu a boca na conversa.