A defesa do empresário Luis Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, afirmou que as buscas realizadas pela Operação Zelotes ontem foram "despropositadas". As empresas ligadas a Luis Cláudio foram vasculhadas pelos agentes da Polícia Federal e da Receita Federal, por ordem da Justiça. A ação integra a terceira fase da Operação Zelotes, que investiga um esquema de compra de medidas provisórias para favorecer montadoras de veículos. Uma das empresas de Luiz Cláudio, a LFT Marketing Esportivo, recebeu pagamentos de Mauro Marcondes, um dos lobistas investigados por negociar a edição e aprovação da MP 471 durante o governo Lula. A norma prorrogou incentivos fiscais para o setor automotivo. Luis Cláudio, que também é dono da empresa Touchdown, confirma o recebimento de R$ 2,4 milhões. "A citada MP foi editada em 2009 e a LFT constituída em 2011 - dois anos depois. A prestação de serviços da LFT para a Marcondes & Maltone ocorreu entre 2014 e 2015 - mais de cinco anos depois da referida MP e está restrita à atuação no âmbito de marketing esportivo. Dessa prestação resultaram quatro projetos e relatórios que estão de acordo com o objeto da contratação e foram devidamente entregues à contratante. O valor recebido está contabilizado e todos os impostos recolhidos e à disposição das autoridades", sustenta a defesa. GILBERTO CARVALHO O ex-ministro Gilberto Carvalho foi ouvido ontem pela Polícia Federal, em um inquérito da Operação Zelotes, que investiga a suposta compra de Medidas Provisórias para favorecer o setor automotivo. Documentos apreendidos pela PF revelam que o ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República no Governo Dilma (2011/2015) e assessor do ex-presidente Lula no Palácio do Planalto teria recebido 'um kit' do esquema de consultorias envolvidas com o suposto esquema das MPs. A PF questionou lobistas presos ou conduzidos coercitivamente sobre o conteúdo do 'kit'. Os investigadores também encontraram outros documentos durante buscas realizadas nas etapas anteriores da Zelotes. Um desses documentos aponta para reunião entre o consórcio formado pelas consultorias SGR e Marconi & Maltoni e Gilberto Carvalho e do qual constam especificações de valores e momentos de pagamentos, segundo os investigadores. A Zelotes sustenta que Gilberto "atuou em conluio" com Mauro Marcondes "quando se trata da defesa dos interesses do setor automobilístico". Relatório de inteligência da Polícia Federal diz, ainda: "Constatamos que as relações mantidas entre empresa (Marcondes) e Gilberto Carvalho são deveras estreitas. Documentos fortalecem a hipótese da compra da MP 471 para beneficiamento do setor automotivo, utilizando-se do ministro que ocupava a ante sala do então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, responsável direto pela edição de Medidas Provisórias."