A presidente Dilma Rousseff (PT) reuniu ontem no Palácio da Alvorada ministros para discutir o redesenho dos ministérios que deve ser anunciado até quarta-feira. Participaram os ministros Nelson Barbosa (Planejamento), Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Valdir Simão (CGU). Dilma espera, com a reforma administrativa, reduzir gastos de custeio da máquina federal e sinalizar a mudança de postura do governo. O governo já tem um ponto de partida para mudanças, que tem sido alterado a cada reunião em razão de discussões políticas. A avaliação é de que a reforma não pode ser mais um elemento desestabilizador da base, em momento político sensível com constantes debates sobre impeachment. A presidente tem nova reunião com o grupo hoje e espera definir o corte de dez ministérios até amanhã para então iniciar rodadas de conversas com a base aliada - não apenas com os partidos diretamente afetados pela redução. O assunto tem ocupado a agenda de Dilma ao longo da última semana. Na sexta, o mesmo grupo se reuniu até o período da noite para realizar o levantamento da estrutura de todos os ministérios. Ao todo são 38. O Palácio do Planalto determinou estudo sobre a estrutura física, funcionários e o papel de cada secretário, além dos programas prioritários de cada pasta que podem ser realocados para outras no caso de fusão de ministérios. A redução de ministérios é ensaiada pelo governo há quase um mês O ministro do Planejamento anunciou o corte no dia 24 de agosto, em coletiva no próprio Palácio do Planalto. Na ocasião, a ideia surgiu como uma agenda positiva para minimizar o impacto da saída do vice-presidente Michel Temer (PMDB) da articulação política. Temer passa o final de semana em São Paulo e não participou da reunião. As mudanças podem envolver inclusive ministros presentes nas reuniões sobre o tema. Embora a presidente já tenha sinalizado que Mercadante permanece no governo, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), já foi cotada para ficar à frente da Casa Civil. A troca seria gesto de reaproximação com o PMDB, após a saída de Temer, e de agrado a parte do próprio PT crítica à gestão de Mercadante. Uma alteração tida como certa no último desenho da reforma ministerial é a ida de Berzoini para a articulação política, função vaga há quase um mês e já ocupada pelo ministro no primeiro mandato da presidente. O Planalto se apressa para que o anúncio seja feito antes de um provável novo rebaixamento da nota de crédito do Brasil, desta vez pela agência Fitch. O aviso de que a reforma administrativa seria feita não evitou, no entanto, que a Standard & Poor's (S&P) tirasse o selo de bom pagador do País, há duas semanas. Um rebaixamento pela Fitch, onde o Brasil está dois degraus acima do grau de investimento, seria o último estágio antes da perda do selo também por esta agência.