O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, confirmou ontem que está sendo feita uma discussão, inclusive junto ao Congresso, para encontrar formas mais adequadas para viabilizar "uma ponte fiscal sustentável". Levy disse que, em relação "à maioria dos países da OCDE, o Brasil tem menos Imposto de Renda sobre a pessoa física. É uma coisa a se pensar". Perguntado se seria o caso de elevar o IR no Brasil, Levy afirmou que "pode ser um caminho". "Esta é a discussão que a gente está tendo agora, e que eu acho que tem que amadurecer mais rapidamente no Congresso." CUNHA O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou a dizer que é contra o aumento de impostos para que o governo consiga ajustar as contas. "Sou radicalmente contra qualquer aumento de imposto. Não é pela via de aumento de imposto que nós vamos resolver o problema da conta", disse. "É melhor cortar gastos." AÉCIO O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou que considera "inconstitucional" um eventual aumento de impostos pelo governo por meio de decretos presidenciais. Segundo o tucano, a oposição é absolutamente contrária a qualquer tentativa de aumento de impostos e vai reagir no Congresso contra "qualquer artifício" para se aprovar uma elevação da carga tributária. "Nós obstruiremos qualquer tentativa que o governo queira fazer nessa direção e inclusive se quiser aumentar impostos por decreto, nós iremos reagir no Congresso Nacional buscando esse decreto", criticou. DELCÍDIO O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), disse que a preocupação da presidente Dilma Rousseff (PT) é não impactar a sociedade com um aumento de impostos. "O que senti claramente hoje é que a presidenta Dilma tem preocupação em criar essa ponte sem impactar a sociedade como um todo. E, ao mesmo tempo, não criar processo inflacionário, que é o verdadeiro castigo que um país enfrenta", disse ele, que participou da reunião da coordenação política hoje cedo. FGV A elevação de impostos que não precisam da aprovação do Congresso, medida que está sendo estudada pela equipe econômica, é a alternativa que o governo dispõe no momento para manejar com rapidez o problema fiscal, afirmou o especialista em Finanças Públicas José Roberto Afonso, que atua como pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia, o Ibre, da Fundação Getulio Vargas (FGV) "Não dá para fazer juízo de valor sem conhecer as medidas. No entanto, a depender do valor que pode ser arrecadado e de quais serão os impactos, esta pode ser uma boa saída", disse o economista. Ainda assim, diz Afonso, o corte de despesas é inevitável, "até porque a carga tributária está caindo e as medidas citadas podem não compensar a perda de receita".