O Ministério Público (MP) do Paraná instaurou ontem procedimento para investigar as responsabilidades por eventuais excessos de policiais na repressão aos professores na manifestação em Curitiba, na última quarta-feira. Os promotores querem ouvir as pessoas envolvidas na manifestação e analisar as imagens do protesto. Dez pessoas já prestaram depoimento. Como muitos professores saíram de cidades do interior paraense, comarcas locais serão usadas para identificar e ouvir os manifestantes. A medida ocorre menos de 24 horas depois da ação policial para conter um protesto de servidores, a maioria professores. O conflito resultou em pelo menos 200 manifestantes e 20 policiais feridos. "Esse evento mancha a história do Paraná e o estado democrático de direito. Nós jamais imaginamos que pudéssemos vivenciar o que aconteceu na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), aquela verdadeira batalha campal", disse o procurador de Justiça Paulo Sérgio Markowicz de Lima, um dos encarregados pela investigação. Segundo o também procurador de Justiça Eliezer Gomes da Silva, ainda é cedo para identificar responsabilidades, mas há indícios de excessos da polícia durante a ação. "Outras manifestações foram feitas e com um movimento muito grande de pessoas e nada disso aconteceu. Temos que reconhecer que, no mínimo, fugiu do padrão de resultados, inclusive experimentados no Paraná em manifestações recentes", disse. Silva acrescentou que a investigação quer saber se houve atentado ao direito de livre manifestação. Ele disse que ainda não é possível dizer se, entre os manifestantes, estariam integrantes de movimentos black blocs, alegação do governo estadual. "Dizer se tinha ou não black blocs, só uma apuração séria, serena poderia afirmar". Dilma Um dia após a manifestação, a presidente Dilma Rousseff (PT) repudiou a violência em protestos. "As manifestações dos trabalhadores são legítimas e temos que estabelecer o diálogo sem violência", disse ontem, durante reunião com líderes de centrais sindicais, em Brasília. Sem citar especificamente o caso do Paraná, que é administrado pelo tucano Beto Richa, Dilma Rousseff afirmou que é preciso conviver com a diferença e reforçou que o único caminho para construir consenso é o diálogo. "Para construir consenso e evitar a violência o único caminho existente é o caminho do diálogo", completou a presidente.