Cidades

Após operação, açougues não temem queda no movimento

21 MAR 2017 • POR • 08h00

Os açougues de Suzano não registraram queda no movimento após os escândalos da Operação Carne Fraca. Nas investigações deflagradas pela Polícia Federal (PF), na última sexta-feira, grandes marcas do ramo alimentício são suspeitas de comercializar carnes vencidas e adicionar materiais proibidos aos alimentos. Porém, isso não foi motivo para os clientes deixarem de consumir. O gerente do Açougue Medalhão, Roni Paulo da Silva, conta que o movimento continua intenso. Assim como demais estabelecimentos, o açougueiro explica que aposta em carnes frescas. "Não trabalhamos com as marcas investigadas, recebemos carne fresca. Nós mesmos desossamos e preparamos os cortes. Estamos procurando esclarecer todas as dúvidas. A cada 10 clientes, ao menos três perguntam sobre a procedência, mas isso ainda não foi razão para desistirem da compra". No Mega Boi, Bistecão, o gerente Celso Camargo ressalta que pode haver uma queda nos embutidos, como salsichas e linguiças. "Até agora o movimento está normal. Não podem generalizar, essas são as carnes já embaladas, e nós trabalhamos com carne fresca. O que pode acontecer é uma queda na procura por embutidos". Para os clientes, o caso não influenciará no consumo das carnes. "Às vezes, um acidente causa pavor na população, mas isso é coisa que acontece. A gente precisa tomar cuidado, analisar a qualidade durante a compra. Hoje estou levando costela e carne moída, sem papelão", brinca o corretor de vendas Djalma Brasil. O operador de telemarketing Júlio Eloy diz só comprar carne em açougue de confiança, mas fato de o problema estar nos frigoríficos o assusta. "Acho que a manipulação feita em cada açougue também contribui com a qualidade da carne". Já o porteiro Adenilson Besson pretende diminuir o consumo. "Eu como carne no máximo uma vez por semana, depois desse escândalo vou diminuir ainda mais". CARNE FRACA Pelo menos 32 empresas do setor alimentício são investigadas na Operação Carne Fraca. Entre elas, estão os grupos BRF e JBS, responsáveis por grandes marcas como Friboi, Sadia, Seara e Perdigão. Os frigoríficos envolvidos na ação criminosa estariam incrementando ácido ascórbico a carnes vencidas, a fim de reembalar para o comércio interno e externo. Além disso, outra acusação diz respeito à adição de pedaços de papelão em lotes de frango. Empresário do agronegócio e fiscais agropecuários federais estão sob suspeita de liberar o esquema. Cerca de 33 servidores do Ministério da Agricultura foram afastados dos cargos, por conta da liberação de licenças e fiscalização irregular dos frigoríficos, 20 pessoas já foram presas. No último domingo, durante reunião no Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer (PMDB) anunciou que haverá uma força-tarefa na audição dessas empresas. Após o anúncio, Temer e diplomatas jantaram em uma churrascaria de Brasília.