Em Itaquá

Professores da rede municipal protestam pela falta de condições de trabalho

Segundo estimativa da Polícia Militar (PM), o protesto reuniu cerca de 220 pessoas

20 FEV 2018 • POR Marcus Pontes - de Itaquá • 12h57
Manifestantes carregavam cartazes com pedidos de melhoria - Marcus Pontes/Divulgação

Atualizado às 15h51

Pelo menos, 220 professores da rede municipal de ensino reinvindicaram nesta terça-feira (20) melhores condições de trabalho. O ato aconteceu em frente à Prefeitura de Itaquaquecetuba. O movimento reclama sobre a falta de funcionários; excesso de funções; perda salarial; falta de convênio médico; e a situação do transporte de alunos. Segundo o executivo, o problema da falta de funcionários deverá ser sanado, com o chamamento de concurso público, que será homologado nesta semana.

Segundo o movimento, ao todo, 24 escolas municipais tiveram paralisação. Isto representaria a todo o número de instituições de ensino da cidade, porém, a administração municipal reforça que foram 16 que ficaram sem aula. A manifestação se encerrou no começo da tarde, quando representantes do movimento e a Prefeitura decidiram formar uma comissão para discutir o assunto. A reportagem aguarda nota sobre o prazo do encontro.

Antes desta definição, os manifestantes gritavam palavras de ordem, que ecoaram ao longo de toda a Avenida Vereador João Fernandes da Silva, na Vila Virgínia, onde está o prédio da Prefeitura. Apitos e cartazes expuseram a indignação sobre o tratamento dado aos profissionais de educação da cidade. A Guarda Civil Municipal (GCM) e a Polícia Militar (PM) acompanharam todo o protesto.

Para a professora Nilda Fernandes Baliero, a reinvindicação busca melhorar a situação dos profissionais, bem como terceiros que trabalham nas escolas municipais. "Veio dois dissídios e eles se negam a pagar. Preferem pagar a multa do que o discídio. O convênio médico, a gente tem somente o desconto, mas não usufrui dos serviços, porque a Prefeitura não transferiu o valor à empresa responsável pelos serviços".

A educadora também citou que, este mês de março, é possível que o salário de boa parte dos profissionais fique em torno de R$ 300. "Os professores vão receber R$ 300. A maior parte dos educadores têm trabalho acima do estipulado. Dão aula e tem de se virar para poder limpar as escolas, porque no ano passado, os bolsistas foram mandados embora, e isso prejudica a nós professores", reclamou.

A mesma indignação foi compartilhada pela professora Zenilda Costa Silva. Em uma escola municipal do Jardim Paineira -- o nome não foi divulgado -, há salas de aula vagas, porém não há professores. Ela disse que esta unidade tem capacidade para 1,2 mil alunos. "Para se ter uma ideia, têm diretores dando aula. Tem pessoa sem pedagogia exercendo este papel, porque não tem professores. Geralmente, os próprios educadores saem de aula para poder olhar as crianças no intervalo, uma espécie de rodízio". 

À reportagem, ao menos, quatro educadores comentaram sobre a mudança da Prefeitura quanto o pagamento das aulas atribuídas. Segundo eles, o novo modelo da Prefeitura atribui uma nova sala ao professor, com todas as funções, porém, não o paga de acordo com o exercido. Ou seja, os educadores recebem apenas pela substituição. 

"São salas livres. Não existe professor. Foi atribuído a outro professor, o educador vai ficar com esta sala com todas as funções, diário, planejamento e etc. Mas ele não ganha como professor de sala, mas sim apenas como substituição. Antes ganhávamos como ampliação. Exemplo; recebíamos por 20 horas e ampliávamos para 40 horas, e ganhavámos por isto. Hoje, somente pagam o dia que entra em aula. Trabalho há 27 anos e nunca aconteceu isso. Mudaram completamente a nomenclatura. As pessoas não estão ganhando pelo planejamento, mas sim por causa do dia", esbravejou Silva.

Em nota, a Prefeitura de Itaquá disse que o plano de saúde está cumprindo o que está em contrato com a prestadora de serviços. E que tem decisões judiciais favoráveis pelo não cumprimento do atendimento por parte da empresa. Além disso, o executivo disse que o problema da falta de funcionários deverá ser sanado, com o chamamento do concurso público, que será homologado nesta semana. "Sobre os ônibus, a Prefeitura realiza fiscalização frequentemente. A respeito do discídio está sendo discutico com o Sindicato dos Servidores", finalizou a nota.