Cidades

Suzanense exalta beleza e diversidade do cabelo afro

Cabeleireira repassa ensinamentos de penteados e técnicas capilares

19 NOV 2018 • POR Marília Campos - de Suzano • 23h58
Ester dos Santos se dedica às tranças, cortes e aplicação de mega hair - Sabrina Silva/Divulgação
Do alto de um tímido edifício comercial de Suzano, em meio a mechas e apliques, a cabeleireira Ester dos Santos se dedica às tranças, cortes, aplicação de mega hair, extensões e alongamentos que fazem a cabeça da clientela em busca de renovação do visual ou mesmo reforçar a identidade cultural.
 
Há 35 anos na carreira, Ester- mais conhecida como Gil- fundou o salão Afro Star, hoje localizado na Rua Monsenhor Nuno e com uma filial em Itaquaquecetuba. Aos 15 anos de idade, se tornou cabeleireira por meio de um tradicional curso da cidade suzanense e, desde então, se orgulha por trabalhar por conta própria. O foco da profissional mudou na década de 1980, quando viu pela primeira vez o aplique sintético kanekalon nas madeixas da cantora Alcione. "Ela popularizou esse método por aqui, porque antes era só alisamento na chapinha, conhecida como 'pente quente'", relembra. 
 
Diante da vontade de apostar na tendência e de deixar o liso artificial dos fios, a cabeleireira começou a fazer tranças nos cabelos dos filhos. Na época, a filha de cinco anos era a principal modelo da mãe. Décadas depois, Ester ajuda outros profissionais da área. Com o curso de duas semanas, os cabeleireiros em treinamento saem aptos a conquistar um novo público. "É um aprimoramento para o cuidado com a clientela que gosta de inovar no cabelo afro", conta. "Aqui em Suzano temos uma demanda grande e o afro está em constante evolução porque o visual muda e a repercussão é boa. Ainda há casos em que realmente é preciso mudar e aceitar, pois a química constante derruba o cabelo e aí tem que cortar", completa.
 
Para a cabeleireira, a autoestima é a principal conquista das clientes. "Nós nos achamos lindas e temos muito apego com o crespo, que foi muito desvalorizado durante anos. As tranças decoram a cabeça e os acessórios coloridos chamam atenção. O Brasil é essa mistura de liberdade cultural". O sucesso dos cabelos é tanto que chega a conquistar clientela internacional, de brasileiras que moram no exterior e que a cada três meses retornam para tratar do penteado. "Lá fora, a mão de obra dos apliques é cara, mesmo na América do Sul. Estive na Argentina onde o preço do trabalho é o dobro do que eu cobro", diz a proprietária do salão que pretende embarcar a Portugal no ano que vem, a fim de alcançar um novo mercado para a arte que oferta.