Editorial

Risco de contaminação

26 JAN 2019 • POR • 23h59
Por todo o Brasil, os cemitérios mais antigos não apresentam nenhum tipo de planejamento; eles foram construídos em locais onde o subsolo é bastante vulnerável. Na maioria deles a drenagem da água da chuva é precária, ocorrendo a inundação de alguns túmulos. A água da chuva, após atravessar os cemitérios, cai na rede pluvial urbana, sendo depois canalizada para corpos d’água contaminando as águas superficiais com as substâncias presentes no necrochorume. 
Nos cemitérios localizados onde o lençol freático é pouco profundo, as chances de contaminação das águas subterrâneas são grandes.
Segundo especialistas, a preocupação com a proximidade dos cemitérios das cidades vem desde o século 18, mas a preocupação com a poluição causada pelos cemitérios é bem mais recente. Apenas em 1998 a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um relatório afirmando que os cemitérios seriam uma fonte potencial de poluição, podendo causar impactos ambientais no solo e lençóis freáticos em razão da liberação de substâncias orgânicas e inorgânicas e microrganismos patogênicos.
Amostras da água subterrânea feitas ao redor dos cemitérios com sepultamentos recentes constataram a contaminação da água por íons cloreto e nitrato, vírus, bactérias e necrochorume.
Em Suzano, a preocupação em evitar riscos também existe. O DS traz na edição de hoje reportagem mostrando que uma empresa foi contratada para avaliar os riscos de contaminação no Cemitério São João Bartista, o Cemitério do Raffo. 
O trabalho foi solicitado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) para avaliar as condições do cemitério do Raffo de demais instalações em outros municípios paulistas. No ano passado, o cemitério suzanense exumou corpos devido a suspeita de contaminação por necrochorume. O local é atualmente monitorado e o serviço solicitado pela Cetesb tende a dar continuidade aos trabalhos ainda pendentes, como a delimitação da área afetada. Riscos à população já foram descartados. 
O cemitério São João Batista é acompanhado pela Secretaria do Meio Ambiente desde o final do ano passado, quando mais de 80 sepulturas perpétuas tiveram que ser exumadas na área em que havia suspeita de contaminação. Na época, a Cetesb, por meio da Agência Ambiental de Mogi das Cruzes, informou que a ocorrência por necrochorume poderia acontecer, uma vez que as instalações do cemitério são antigas e não previam os sistemas de proteção ambiental atualmente adotados. 
A contaminação por necrochorume nos cemitérios ocorre, geralmente, pela falta de planejamento ambiental nas estruturas mais antigas. Daí a importância desse trabalho.