Caderno D

Nelson Rodrigues é tema do 1º ‘Sexta que lá vem história’

Iniciativa faz parte do projeto do Teatro da Neura que traz todo mês uma leitura encenada

19 FEV 2019 • POR de Suzano • 23h38
Nelson Rodrigues é tema do 1º ‘Sexta que lá vem história’ - Michel Galiotto/Divulgação
Foi em 2004 que o Teatro da Neura apresentou pela primeira vez uma montagem baseada nas obras do dramaturgo, escritor e jornalista recifense, Nelson Rodrigues (1912-1980). A peça “E não vos deixei cair em tentação” inaugura dentro do grupo, o estilo rodriguiano de debater as questões privadas da sociedade. De lá para cá o grupo coleciona diversas adaptações e releituras desse mesmo universo teatral e autor.
 
Nesta sexta-feira (22), Nelson Rodrigues volta a caixa cênica do Teatro da Neura. “Eu Odeio Nelson Rodrigues” será apresentada como leitura encenada, como parte do projeto “Sexta que lá vem história”, às 20 horas, no Espaço N de Arte e Cultura em Suzano, com bilheteria no sistema “pague quanto puder”.
A leitura é baseada em cinco contos inéditos tirados da obra, ‘A Vida como ela Histórias não conhecidas do autor mas que demonstram todo seu universo de forma pontual. Nesses textos ele trata sobre a morte, as obsessões e as paixões. “Abriremos as atividades do Espaço N com Nelson Rodrigues, falando sobre paixões, obsessões, neuroses. Nelson é o autor que provocou o nome do grupo”, comenta o diretor e dramaturgo do grupo, Antônio Nicodemo.
 
O Teatro da Neura comemora esse ano 15 anos de existência. Por isso, o elenco de “Eu odeio Nelson Rodrigues” também é simbólico. Será formado apenas por mulheres, que das oito que formam a peça, sete pertencem ao grupo. 
 
Além disso, ilustrações serão feitas durante a leitura por desenhistas convidados.
 
Nelson Rodrigues é sem dúvida um dos autores mais polêmicos da dramaturgia nacional. Porém, Nicodemo explica que dentro das montagens do Teatro da Neura há uma forma de ser revista essas questões. “Nelson (Rodrigues) é mal entendido. Mal montado. Sempre a margem de uma leitura clássica e ultrapassada. O Neura vê no Nelson (Rodrigues) uma potência fortíssima. É um dos maiores dramaturgos da história do nosso País e seus textos propõe visões e provocações fortíssimas para o dia de hoje. É preciso desmistificar a obra dele. Se livrar um pouco do excesso de respeito que acaba fadado a montagens óbvias e sem diálogo com o Brasil de hoje”, explica.