Cidades

Raul Brasil deve mudar acesso de entrada como medida de segurança

2 ABR 2019 • POR Daniel Marques - de Suzano • 17h00
Alunos estão entrando por uma porta secundária - Marcus Pontes/Divulgação
Após quase vinte dias do massacre na escola Raul Brasil, algumas pessoas ainda são vistas do lado de fora fazendo homenagens e olhando desoladas para os muros externos da escola. As aulas, ao poucos, vão sendo retomadas, mas com atividades de acolhimento. Além das novas pinturas no prédio, feitas recentemente para receber os novos alunos, a escola deve receber nos próximos dias alterações na entrada principal.
 
Uma funcionária, que prefere não se identificar, conta como foi o primeiro dia do mês. "Os professores que vieram estão dando aula, mas tem professor que não veio ainda por causa do trauma."
 
Os alunos estão entrando por uma porta secundária. Ela diz que mudanças na entrada principal da escola ocorrerão nos próximos dias. 
 
"Pelo fato da secretaria ser dentro da escola, nos disseram que será feita uma alteração, que começará provavelmente na quarta-feira. Precisamos que seja feita alguma mudança, pois não tem como trabalhar sem segurança. Hoje, quem quiser acessar a secretaria, é só por dentro", conta, sem revelar mais detalhes da mudança.
 
Liliane Maria, 36, é dona de casa e tem dois filhos que estudam na escola. Ele explica como era o acesso à secretaria da escola antes do ataque. "A porta principal ficava fechada, então nós batíamos na porta e vinham os inspetores abrir. Só que naquele dia específico, estava aberta".
 
Ela conta que um dos filhos estava na fila da merenda e foi salvo pela merendeira, enquanto o outro ficou tentando fugir pela escola. 
 
"A merendeira colocou um dos meus filhos para dentro da cozinha junto com as outras crianças. Meu outro filho correu para onde tem o curso de línguas, mas não conseguiu pular o muro. Ele veio para a secretaria, por onde conseguiu fugir até a loja do meu genro. A menina que lutou com os assassinos correu para lá também", diz.
 
Ao buscar os jovens, o genro de Liliane ligou para ela informando o que havia acontecido, e ela conta como reagiu ao receber a notícia do massacre na escola onde estavam seus filhos. "Ele estava desesperado, falou que tinham entrado na escola e tinham matado as pessoas. Não me lembro se desliguei o celular, mas para mim, tinham matado meus filhos. Ele me avisou que os dois meninos estavam na loja, então fui para lá", conta, com os olhos lacrimejando.
 
A mulher fala que sente medo de novos ataques, e cobra segurança para alunos e funcionários da escola. "Hoje foi uma guerra para vir. Eles não querem sair, mas pelo o que aconteceu, era para o governo ter colocado segurança na escola. Nossos filhos estão aí dentro na sorte mesmo, só Deus por eles. Aconteceu uma vez, pode acontecer de novo", comentou.