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Suzano descarta lei específica para mototáxis; motociclistas divergem

Cidade seguirá lei federal que permite uso de motos para transporte. Motoboys se dividem entre facilidade e violência

21 SET 2019 • POR Daniel Marques - de Suzano • 23h56
Suzano descarta lei específica para mototáxis; motociclistas divergem - Divulgação
A Secretaria de Transporte e Mobilidade Urbana de Suzano descartou a criação de uma lei específica para uso de motocicletas para transporte de passageiros, as chamadas "mototáxis". 
 
A pasta manterá apenas a Lei Federal 12.009/2009 funcionando na cidade. Ela estabelece requisitos básicos para uso de moto-frete e mototáxi no Brasil, como idade mínima de 21 anos, pelo menos dois anos de habilitação na categoria A e aprovação em curso especializado. Assim, quem está fora dos requisitos mínimos, não poderá exercer a função. 
 
A Prefeitura de Suzano vai na contramão da ideia adotada pela Prefeitura de São Paulo, que em junho de 2018 proibiu o uso de motocicletas para transporte remunerado de passageiros, "desobedecendo" uma lei de responsabilidade da União. 
 
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) derrubou a lei em vigor na municipalidade paulistana no último dia 11, e o uso das mototaxis voltou a ser permitido.
 
Com o uso permitido na cidade de São Paulo e sem uma lei específica para mototaxis em Suzano, muitos motociclistas divergem de opiniões sobre o serviço e sobre a adoção de aplicativos. 
 
Os relatos vão desde aqueles que aprovam a lei pela facilidade no deslocamento de pessoas e pela renda extra até os que jamais trabalhariam, principalmente pela insegurança que sentiriam ao levar um desconhecido na garupa. 
 
Maicon Douglas Teles do Nascimento, 25, é um dos que apoiam a ideia. 
 
O contador defende que as motos não são fechadas e que, por isso, o risco de violência é menor em comparação aos carros. "Eu trabalharia normalmente", diz.
 
Leonardo Henrique Conceição, 24, diz que faria, mas com receio por conta da violência. "As motos fazem as coisas chegarem aos lugares, o que é uma vantagem. Se ganhasse muito dinheiro, teria coragem de me dedicar só a isso", afirma o fiscal de contabilidade.
 
Tem motoboy que gosta da ideia dos aplicativos, desde que as taxas cobradas não sejam exorbitantes e que algumas questões sejam avaliadas. Lamardi Ramierre de Sousa Carvalho pensa assim. 
 
Há oito anos trabalhando sobre o veículo de duas rodas, o motoboy de 28 anos acredita que uma serie de cuidados devem ser tomados antes da permissão de aplicativos. "Precisamos ver as taxas, lugares que poderiam ser atendidos, avaliar lugares de risco, tem que levar tudo isso em conta. Se tudo for acessível, a ideia é boa", opina.
 
Tem gente que nem pensa na hipótese de trabalhar como mototaxi. É o caso de Rodrigo Paiva, 32. Ele acredita que seria muita responsabilidade carregar outra vida na garupa, além de não saber quais as pretensões da pessoa. "Eu já fico receoso de carregar um conhecido, imagina um desconhecido. Não sou a favor e não trabalharia. Concordo que ajudaria para a mobilidade, mas não dá. É melhor que saiam de casa 20 minutos mais cedo para não atrasar", diz o motoboy.
 
Junior Pereira, 25, compartilha da mesma opinião que Rodrigo. "É muito inseguro, tem muita gente inexperiente no trânsito, e dedicar o espaço na moto para um desconhecido é perigoso demais", opina.