Cultura

1º Festival de Música do Estudante de Poá completa 50 anos

‘Gestação’ do evento durou os nove meses regulamentares

18 OUT 2019 • POR Sérgio Boscolô - ESPECIAL PARA O DS • 11h36
Escolhido pelo júri oficial, Tadeu do Amaral, na época com doze anos de idade, é hoje um virtuoso violonista clássico, líder e arranjador do grupo BGQ, Brazillian Guitar Quartet, considerado um dos melhores quartetos de violão clássico do planeta, com inú - Divulgação
Com muita torcida e muita vaia, como qualquer dos outros festivais de MPB que se preze, o evento teve um resultado surpreendente e pouco conhecido na cidade e região. O vencedor, então um garoto de doze anos, estudante de violão clássico, Tadeu do Amaral se tornou um dos maiores violonistas do mundo, como fundador, líder e arranjador do Quarteto Brasileiro de Violões, conhecido internacionalmente como BGQ, Brazilian Guitar Quartet.
 
Se fosse postado nas hoje nas redes sociais, este depoimento em primeira pessoa e com alguns ‘comentários’ de outros participantes, começaria com uma necessária linha do tempo, para lembrar que tudo começou em 1968, o ano que não terminou, num comunicado oficial de 19 de novembro, no Comarca de Suzano (hoje Diário de Suzano), no anúncio oficial da recriação do Grêmio Estudantil Rio Branco, do Col. Est. de Poá, hoje Padre Simon Switzar), presidido pelo aluno Elan Péricles Vinholt, que entre as promessas de ‘campanha,’ já falava sobre promover este festival, ganhando vários adeptos. Eu não só votei na chapa vencedora, como fui eleito ‘secretário geral’ do Grêmio. 
 
A ‘gestação’ do evento durou os nove meses regulamentares. Em setembro de 1969, o Diário de Mogi, informava que as inscrições para o Festival estavam abertas e que o então ‘alcáide’ de Poá, Miguel Comitre, apoiaria e premiaria a iniciativa com troféus aos três primeiros classificados e destaques, assim como o delegado da cidade, Alcyr Amorim, faria a ‘censura’ das letras inscritas, o que aconteceu com várias das 43 canções. 
Também listava todo o júri oficial que escolheria as vinte selecionadas para a eliminatória do dia 12 e depois, a finalíssima do dia 19 de outubro, que agora lembramos o cinquentenário.
 
Recordo o dia final das inscrições, de uma fila na porta da sala do Grêmio, de ser apresentado ao então baterista Fábio Stefani, de Suzano, a quem perguntei sobre qual era o estilo de sua canção e comemorarmos efusivamente, quando ele respondeu ‘tropicalista!’ 
 
Ele se tornaria meses depois o guitarrista solo da Glass Band, com Torello Pelegrini, baixista, Valdir Almeida, baterista e eu na guitarra base. Bons tempos…
 
Vencedor
 
Escolhido pelo júri oficial, Tadeu do Amaral, na época com doze anos de idade, é hoje um virtuoso violonista clássico, líder e arranjador do grupo BGQ, Brazillian Guitar Quartet, considerado um dos melhores quartetos de violão clássico do planeta, com inúmeros prêmios e centenas de shows internacionais na carreira. Em entrevista na semana passada ele relembrou alguns fatos do Festival de 1969 e nos contou sobre seu quarteto.
 
Ao ser perguntado sobre aquela vitória sobre concorrentes de mais idade, ele lembrou que “já estudava música clássica, mas tinha a curtição de compor canções para o Festival e claro, naquela idade, querendo vencer. Mesmo porque naquela época, uma criança de doze anos sonhava com céu estrelado, mas lembro de me sentir muito orgulhoso e acreditar que tinha algum talento.”
 
Também disse que lembrava do alvoroço da final e que “na época, os festivais da canção eram marcantes em todos os níveis, mesmo no colégio era algo importante,” o que aliás, naquele momento era para todos nós, concorrentes, como se todos estivéssemos tocando na TV.