Editorial

O medo da inflação

14 DEZ 2019 • POR • 23h59
A inflação é o aumento persistente e generalizado no valor dos preços, explicam especialistas. Quando a inflação chega a zero dizemos que houve uma estabilidade nos preços.
A inflação torna-se prejudicial para a sociedade somente quando aumenta em níveis muito altos e em uma velocidade grande, pois os reajustes salariais levam mais tempo para serem implementados, o que diminui o poder de compra do consumidor durante a maior parte do ano.
Há uma preocupação muito crescente da população em ter de pagar mais caro pelos produtos, uma vez que o valor dos salários, muitas vezes, não segue a mesma elevação do custo de preços.
Se a renda de uma pessoa aumenta em um índice superior ao da inflação, significa que houve um aumento real da sua capacidade de compra.
Por exemplo: um determinado produto, há dez anos, custava R$ 2,00, sendo que hoje custa R$3,00; no entanto, a renda do trabalhador dobrou nesse período, o que significa que ele poderá comprar uma quantidade maior desse produto agora em relação a antes.
Segundo estudos, é por isso que sempre existem reclamações quando uma classe trabalhista fica muito tempo sem reajuste salarial, pois, somente com o aumento natural do salário-mínimo, estabelecido pelo governo, os trabalhadores não estão de fato recebendo mais pelo seu trabalho, uma vez que o custo de vida está constantemente elevando-se. Assim, se uma pessoa começa a ganhar mais, mas esse aumento está abaixo da taxa de inflação, significa que, na verdade, ela está ganhando menos do que antes, porque o seu poder de compra passou a ser menor.
Na semana passada, o indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda apontou alta de 0,54% para as famílias de renda mais baixa, até R$ 1.643,78 por mês, em novembro. Para as famílias de maior poder aquisitivo, com renda domiciliar maior que R$ 16.442,40, a alta foi de 0,43% no mesmo mês. Os dados foram divulgados, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Cerca de 70% da alta inflacionária registrada entre as famílias mais pobres se explica pela variação de preços nos grupos de alimentação e habitação, com reajuste de 8,1% nas carnes e 2,2% nas tarifas de energia elétrica - com a mudança da bandeira tarifária de verde para amarela.
“No caso das famílias mais ricas, embora o reajuste das carnes e da energia também tenha pressionado suas taxas de inflação, o menor peso desses itens em sua cesta de consumo acaba por aliviar seus impactos altistas”, disse o Ipea. Em contrapartida, os aumentos de 0,78% no preço dos combustíveis, de 4,4% nas passagens aéreas e de 24,4% nos jogos lotéricos foram os que mais pressionaram a inflação nas classes mais altas.