Região

Mais de 4,9 mil cestas básicas entregues pelo Estado são violadas em ginásio de Itaquá

Descoberta foi feita a partir de uma denúncia anônima enviada aos conselhos de Saúde e Segurança Alimentar

8 JUL 2020 • POR Marcus Pontes - de Itaquá • 13h57
Cestas básicas foram violadas dentro de ginásio - Divulgação

Pelo menos 4.920 cestas básicas entregues pelo Estado à Prefeitura de Itaquaquecetuba foram violadas e alguns alimentos foram desviados, dentro do Ginásio Municipal Sumiyoshi Nakaharada, local em que estavam sendo estocadas para serem entregues à população mais carente do município. A constatação foi feita nesta quarta-feira, 8, pelos conselhos de Saúde e Segurança Alimentar, em conjunto com representantes da Ordem dos Advogados (OAB) e parlamentares da Casa de Leis. A pasta de Assuntos Jurídicos da cidade deve abrir procedimento administrativo para investigar o fato. 

A descoberta foi feita a partir de uma denúncia anônima, segundo o advogado Aparecido Ribeiro de Almeida, o Magrão, membro dos conselhos de Saúde e Segurança Alimentar. De acordo com ele, alimentos listados nas cestas básicas foram retirados, como pacotes de linguiça e carne seca. 

Representantes também localizaram um espaço do ginásio, em que cestas foram abertas e alimentos eram colocados numa sacola plástica. A suspeita é desvio da função real, que é o de entregar para beneficiários do Bolsa Família, por exemplo.

“A princípio, tínhamos informação de que a Prefeitura estaria entregando cestas com alimentos vencidos à população. Porém, a coisa era muito maior”, frisou Magrão. 

Segundo o advogado, servidores da pasta de Assuntos Jurídicos estiveram no local. “Passaram que alguns alimentos estariam próximo do vencimento. Porém, eles iriam ver se tinham documentos que comprovassem a retirada. Depois, foram embora dizendo que iam abrir procedimento administrativo. Enfim, não deram uma explicação para a situação. Quando se recebe algo tem prazo de validade, então, qual foi o motivo de não terem entregado na data correta”, questionou. 

Para Magrão, o mais triste da situação é que ainda há pessoas carentes buscando obter uma cesta básica, especialmente devido às dificuldades vivenciadas devido à pandemia do novo coronavírus. “Tiram proveito da fome do povo. É fome de quem necessita”.

Integrantes da OAB e vereadores acompanham o caso. A Polícia Militar foi até o local, mas não deteve nenhuma pessoa. Representantes dos órgãos e parlamentares devem ir à Delegacia Central para registrar um Boletim de Ocorrência (B.O). 

“Eles (Poder Público) não estão preocupados com a população. Vamos enviar a denúncia ao Ministério Público, para que seja aberta uma investigação, pois isso se trata de um furto. E cobrar explicações da Prefeitura do porquê não entregaram à população”, enfatizou o vereador David Neto.