Sindicato cobra comunicado de acidente de trabalho para infectados da Saúde
Sindicato denuncia omissão dos hospitais da região na emissão do CAT para profissionais infectados pelo vírus
30 AGO 2020 • POR Carolina Rocha - de Suzano • 10h30
Profissionais da saúde querem enquadramento de acidente do trabalho - Reprodução
Profissionais da Saúde do Alto Tietê enfrentam dificuldade para classificar a infecção pelo novo coronavírus como acidente de trabalho. De acordo com a diretora regional do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde de Mogi e Região (Sindsaúde), Kátia Aparecida dos Santos, hospitais do Alto Tietê tem se negado a emitir o Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT) de trabalhadores infectados durante o exercício da profissão.
Segundo a diretora, existem protocolos definidos além do reconhecimento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de que a infecção pela Covid-19 deve ser tratada como doença ocupacional. A decisão do STF data de maio de 2020, e por sua vez, classifica a infeção pelo vírus como acidente de trabalho. Entretanto na prática, a realidade ainda é outra. “O nosso principal problema agora é a omissão dos hospitais no que se refere a emissão dos CATs. Eles estão se eximindo dessa responsabilidade, mesmo já sendo reconhecido como acidente de trabalho. E precisa ser feito”, relata Kátia.
A diretora não informou quantas ou quais unidades de saúde se recusam a emitir o comunicado, mas pontua que o Sindicato vai entrar com medidas judiciais e ações contra os equipamentos que se recusarem a seguir o protocolo preconizado.
De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho (TST), o acidente de trabalho é qualquer lesão ou sofrida pelo trabalhador durante o exercício das suas atividades. Quando essa lesão causa uma redução temporária ou permanente da capacidade de trabalho, essa passa a ser reconhecida como tal.
Trabalho na pandemia
Ainda segundo a diretora regional, muitos profissionais da Saúde continuam apreensivos em relação ao novo coronavírus. Mesmo após cinco meses de assistência constante a pacientes, trabalhadores da área estão fragilizados.
“O trabalho tem sido vitorioso. Os profissionais da saúde são os verdadeiros guerreiros na luta contra a pandemia. Mesmo fragilizados, psicologicamente afetados e receosos pelo contágio da doença, nenhum profissional deixou de exercer esse trabalho fundamental”
Contudo, Kátia ressalta que ainda há um longo caminho no que se refere a valorização dos trabalhadores que estão na linha de frente, e não apenas na Saúde, mas na Segurança e na Educação.
“Agora nós estamos em evidência devido a pandemia. Mas é importante ressaltar que ainda não somos valorizados do jeito que deveríamos. E não é apenas em relação aos salários baixos e jornadas longas, mas também nas condições de trabalho e o desgaste sofrido por todos”, conclui.