Cientistas políticos apontam os maiores desafios dos novos prefeitos
Para cientistas políticos, prefeitos terão que aprender a lidar com respingos da pandemia em 2021
13 DEZ 2020 • POR Daniel Marques - de Suzano • 10h00
Fernando Ivo, Humberto Dantas e Olavo Câmara falaram dos desafios dos prefeitos - Divulgação e Arquivo/DS
Sabendo dos problemas que enfrentarão na próxima gestão, sobretudo por conta dos respingos na Economia deixados pela pandemia, os prefeitos do Alto Tietê terão de economizar recursos e se articular com os governos federal e estadual, principalmente para facilitar a aquisição de doses da vacina contra o novo coronavírus (Covid-19).
Pelo menos, é isso o que dizem os cientistas políticos, pessoas que acompanham diariamente a situação política do País. A tendência, segundo a maioria deles, é de que, de fato, o Brasil enfrente dificuldades econômicas no próximo ano. Os gastos terão que ser reduzidos e a prioridade, assim como em outros países, é a compra de vacinas.
O DS conversou com esses especialistas para entender o que os dez novos prefeitos da região terão que fazer para conseguir administrar com poucos recursos, queda na arrecadação de impostos e com a necessidade de imunizar a população de suas respectivas cidades.
Há duas ações que devem ser adotadas pelos novos prefeitos rapidamente: o corte de “excessos” e a montagem de um “Comitê do Covid” em cada cidade, como explica o cientista político especializado em marketing político, Fernando Ivo Antunes.
Para ele, é essencial que as pessoas saibam quais ações estão sendo adotadas nas cidades. Ele também diz que o orçamento aprovado ainda vai sofrer consequências, já que o Estado está regredindo de fase no Plano São Paulo de flexibilização.
“Voltamos para a fase amarela e podemos chegar até a fase vermelha, e isso vai afetar os serviços públicos. Até chegar a vacina para a população, vamos aguardar ainda alguns meses. É fundamental que os prefeitos tenham uma parte de gestão muito forte economizando recursos, cortando privilégios, excessos e, já na transição, que montem urgente um comitê municipal sobre a Covid, para que as pessoas comecem a saber o que vai ser feito na cidade. É fundamental que eles mostrem isso e que cortem muitos excessos da máquina pública”, aconselhou o especialista.
Esses excessos variam. Para o especialista, até o corte no uso de papel e a escolha por recursos tecnológicos pode fazer diferença. Assim, sobram mais recursos para se investir no que será prioridade: a saúde. “Ela vai ser o ponto principal no ano que vem”, prevê Antunes.
Já o cientista político Humberto Dantas acredita que os prefeitos terão que ter muito jogo de cintura e poder de articulação. Segundo ele, a tendência é de que as vacinas venham dos governos federal e estadual, e é aí que os prefeitos terão que saber negociar com os governos.
“Essa vacina, muito provavelmente, virá dos governos federal ou estadual. Improvável que (os valores) saiam dos cofres municipais. Neste cenário, o desafio, do ponto de vista político, é outro. Veremos em que medida os prefeitos vão conseguir se articular politicamente para adquirir às suas cidades”, afirmou.
O ideal, para Olavo Arruda Câmara, mestre e doutor em direito e política, é que o governo federal custeie a vacina. Ele também não descarta que as doses sejam cobradas.
“Ainda não há nenhuma vacina aprovada pela Anvisa, mas pode ser que cobrem algum valor das pessoas. O ideal seria que os governos federal e estadual pagassem a vacina, e não o povo”, disse.