Editorial

Milhões sem aulas

30 ABR 2021 • POR • 05h00
A pandemia obrigou a suspensão das aulas presenciais e deixou uma imensa dificuldade para que os estudantes acessassem o meio remoto.
Ontem, a Agência Brasil publicou reportagem mostrando que o número de crianças e adolescentes sem acesso a educação no Brasil saltou de 1,1 milhão em 2019 para 5,1 milhões em 2020, de acordo com o estudo Cenário da Exclusão Escolar no Brasil - um Alerta sobre os Impactos da Pandemia da Covid-19 na Educação, lançado ontem pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) Educação.
Ainda conforme a Agência Brasil, de acordo com a pesquisa, em 2019, aproximadamente 1,1 milhão de crianças e adolescentes, com idade entre 4 e 17 anos, estavam fora da escola, o que representava 2,7% dessa população. Esse percentual vinha caindo pelo menos desde 2016, quando 3,9% das crianças e adolescentes não tinham acesso à educação. 
Em 2020, o número de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos fora da escola passou para 1,5 milhão. A suspensão das aulas presenciais, somada à dificuldade de acesso à internet e à tecnologia, entre outros fatores, fez com que esse número aumentasse ainda mais.
Não há dúvida que diante do fechamento de escolas por causa do novo coronavírus, instituições de ensino e estudantes precisaram se adaptar ao ensino online. E houve muitas dificuldades.
Alunos se queixam de dificuldades em estabelecer e organizar uma rotina diária de estudos.
No ano passado, de uma hora para outra, a pandemia do novo coronavírus impôs uma nova realidade para milhares de professores e alunos em todo País. 
O giz e a lousa foram substituídos por plataformas onlines, vídeos e mensagens virtuais - tudo para garantir o isolamento social e evitar a proliferação da Covid-19.
Na reportagem publicada ontem pela Agência Brasil, 3,7 milhões de crianças e adolescentes da mesma faixa etária estavam matriculados, mas não tiveram acesso a nenhuma atividade escolar, seja impressa ou digital e não conseguiram se manter aprendendo em casa. No total, 5,1 milhões ficaram sem acesso à educação no ano passado.
O Brasil vinha avançando no acesso à educação e com redução progressiva da exclusão escolar. Mas com a pandemia, nesse progresso, que foi alcançado nos últimos anos, de repente, vemos uma volta atrás.
A pesquisa mostra que a maior incidência de crianças e adolescentes fora da escola ao final de 2020 está na faixa etária de 6 a 10 anos, 41%. A faixa etária é seguida por 15 a 17 anos, com 31,2% excluídos e por 11 a 14 anos, com 27,8% sem aulas. 
O Brasil já havia praticamente cumprido a meta de universalizar o acesso à educação nessa faixa de 6 a 10 anos, que é quando os estudantes aprendem, por exemplo, a ler e a escrever. A partir de agora deve criar formas de garantir o estudo para os milhares de estudantes em meio às dificuldades impostas pela pandemia.