Nacional

Delator diz que Eduardo Cunha pediu US$ 5 milhões de propina em contrato

17 JUL 2015 • POR • 08h00

O lobista Julio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato, declarou à Justiça Federal que o suposto operador do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras, Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, lhe disse que estava sendo pressionado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, para pagamento de propina. Os valores da propina teriam saído de compras de navios-sonda. Segundo relato de Julio Camargo, o peemedebista exigia US$ 5 milhões. "Fui bastante apreensivo (ao encontro do parlamentar no Leblon, Rio). O deputado Eduardo Cunha é conhecido como uma pessoa agressiva, mas confesso que comigo foi extremamente amistoso, dizendo que ele não tinha nada pessoal contra mim, mas que havia um débito meu com o Fernando do qual ele era merecedor de 5 milhões de dólares", afirmou Camargo. "E isso estava atrapalhando, porque estava em véspera de campanha, se não me engano uma campanha municipal e que ele tinha uma série de compromissos e que eu vinha alongando esse pagamento há bastante tempo e que ele não tinha mais condição de aguardar", disse o lobista. Camargo afirmou que o deputado tinha US$ 5 milhões a receber de um total de US$ 10 milhões restantes da propina a serem pagas por dois contratos de navios-sondas, para exploração de petróleo em águas profundas, assinados em 2006 e 2007 pela coreana Samsung em parceria com a japonesa Mitsui. Os contratos eram da Diretoria de Internacional, área comandada pelo PMDB, e envolveram ao todo US$ 30 milhões de propina, segundo o processo em que Julio Camargo e Fernando Baiano são réus ao lado do ex-diretor da área Nestor Cerveró. "Eu chamei o Alberto, com quem eu tinha relacionamento de confiança, e, se não me engano, até pedi se ele conhecia o deputado Eduardo Cunha porque eu estava com problema com o deputado", afirmou Julio Camargo, que disse que teve de se organizar para efetivar os pagamentos. Eduardo Cunha é alvo de investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília. Um inquérito foi aberto para investigar o suposto envolvimento do deputado na Lava Jato. Em nota divulgada ontem, o presidente da Câmara negou as acusações.