Cidades

Professora Judith é homenageada pela dedicação de 60 anos ao ensino

Moção de aplausos foi aprovada na Câmara de Suzano como reconhecimento ao trabalho da professora

23 OUT 2025 • POR Edgar Leite - da Reportagem Local • 08h00
Professora Judith é homenageada pela dedicação de 60 anos ao ensino - Arquivo Pessoal

Uma moção de aplausos foi aprovada na Câmara de Suzano para homenagear e parabenizar a professora Judith Falleiros, 84 anos, ex-revisora do Diário de Suzano. São 60 anos de vida dedicados ao magistério e à formação de gerações. 

A indicação é do vereador Marcel Pereira da Silva, o Marcel da ONG. A brilhante trajetória de Judith se iniciou aos 18 anos.

Movida por profundo amor à educação, ela sempre acreditou que o ensino era imprescindível e que a disciplina fundamental para o desenvolvimento pleno dos alunos.

“Alfabetizou inúmeras turmas e, sempre que possível, acompanhava seus alunos nos anos seguintes, criando vínculos duradouros”, afirmou o vereador no documento aprovado na Câmara. “Sua casa era um verdadeiro santuário da educação, repleta de livros, cadernos e o amor pelo ensinar”.

Judith atuou na Escola Estadual Raul Brasil e no Sesi. “Ela não apenas ensinou. Transformou vidas”, acrescentou Marcel.

Judith dedicou 60 anos como educadora - (Foto: Arquivo Pessoal)

Após a aposentadoria, sua vocação não permitiu que descansasse. Tornou-se referência em aulas particulares. Atendeu famílias que buscavam sua competência e dedicação para ensinar. A casa de Judith transformou-se em sala de aula, recebendo alunos de segunda a domingo.

Revisora do Diário de Suzano

A sua atuação no ensino e o trato com o Português correto levou Judith para a Redação do Diário de Suzano nos anos 2010. Foi um convite especial do diretor de Redação, Octavio Thadeu de Moraes, que deu muito certo. 

Ela lia e corrigia todas as páginas do jornal. E foi assim por muito tempo.

“A dona Judith era uma leitora assídua do Diário de Suzano. E sempre corrigia uma palavra ou outra das edições. O seu Octavio teve então a ideia de trazê-la para fazer parte da redação do jornal. Sempre muito competente”, disse o editor-chefe do DS, jornalista Edgar Leite.

História de vida

Judith ingressou no magistério aos 18 anos. Dedicou-se em sala de aula, em escolas públicas, por anos onde se aposentou em 1986. 

A opção pela profissão de professora veio muito cedo em uma residência cercada de livros, cadernos e lápis.

Chegava em casa com sacolas cheias de atividades para serem corrigidas dos seus alunos. “Em cada prova avaliada, um recadinho de incentivo para seus alunos”.

Aulas particulares

Mesmo após a aposentadoria, Judith foi procurada pelas famílias para dar aulas particulares. Tarefa que durou dez anos. E assim, atendendo um aqui e outro ali, a notícia se espalhou. 

Até ser procurada também por diretores do Diário de Suzano, onde trabalhou como revisora. Judith acompanhou filhos e sobrinhos da família Moraes ensinando em aulas particulares.

Luta contra a doença

A professora sofre atualmente de ataxia cerebral - ocorre quando a pessoa tem perda de coordenação dos movimentos voluntários. 

O DS visitou ela nesta quarta-feira (22 de outubro). Ela luta contra a doença e, por isso, não conseguiu dar entrevista. Em junho deixou uma mensagem ao DS: “Sou grata ao jornal, e aos diretores, pelo carinho, respeito, amizade e consideração comigo”. 

Segundo familiares, a doença começou de forma silenciosa - uma dormência na mão, depois nos pés.

Família vê Judith como exemplo de dedicação ao longo dos anos - (Fotos: Arquivo Pessoal)

O corpo enviava os sinais, mas os familiares não esperavam que se transformassem em uma doença.

O diagnóstico inicial foi incerto, e a busca por respostas trouxe ansiedade e medo. Na segunda tentativa, um neurologista confirmou: ataxia cerebral, segundo o filho Bráulio Falleiros, em entrevista ao DS. “E com essa confirmação veio também a realidade do que estava por vir - um caminho difícil, onde cada conquista do dia anterior poderia se tornar uma lembrança no dia seguinte”. A mobilidade foi ficando difícil aos poucos: primeiro a locomoção, depois os braços e até o pescoço. 

Familiares afirmam que por trás dessa “batalha contra uma doença implacável, existe uma pessoa que continua sentindo, pensando e amando”. 

“Uma pessoa que merece dignidade, conforto e esperança. E é por isso que cada gesto de apoio importa - cada oração, cada palavra de incentivo, cada ajuda concreta faz diferença”.

A paixão de Judith pelo magistério despertou também o desejo da filha Patrícia Falleiros em dar aulas. “Sou professora há 34 anos. Minha mãe é o meu exemplo”, disse.

Judith tem como netos: Carolina de Souza Rabelo, João Paulo de Souza Rabelo, Rafaella Anceloti Falleiros e Felipe Anceloti Falleiros.