'O Sonho Acabou' chega a Suzano para exibição que promete dividir opiniões
Filme feito em Poá reflete, com humor ácido e poesia urbana, a crise de sentido da juventude brasileira contemporânea
Neste sábado, 1º de novembro, o público de Suzano terá a oportunidade de assistir ao filme “O Sonho Acabou”, uma obra que desafia certezas, provoca risadas incômodas e convida à reflexão sobre o que significa viver, sonhar e resistir em tempos de precarização e desencanto.
Com entrada gratuita, a exibição acontece na Rua Paraná, 70 – Jardim Paulista, a partir das 19h, e integra a programação de difusão cultural apoiada pela Lei Paulo Gustavo, pela Prefeitura de Poá, pela Prefeitura de Suzano e pelo Instituto Se Liga. O projeto é uma realização do Polo de Música e Audiovisual Paulo José, com co-produção da Estrada Films.
Um retrato da juventude periférica entre o desencanto e a resistência
Ambientado em Poá, cidade do Alto Tietê marcada pela rotina industrial e pela ausência de perspectivas, o longa mistura crítica social, poesia urbana e realismo fantástico para retratar a crise existencial da juventude brasileira diante da falta de oportunidades, do trabalho precarizado e da alienação cultural.
Em meio a ruas silenciosas, processos seletivos absurdos e sonhos engavetados, surge um protagonista comum, perdido entre a necessidade de sobreviver e o desejo de viver algo que faça sentido. Ao seu redor, personagens transitam entre a resignação e o delírio: uma mãe que se multiplica para sustentar a casa, uma jovem em busca de engajamento vazio, um idoso que coleciona memórias como quem tenta segurar o tempo.
A cidade, com suas fachadas repetitivas e sons metálicos, se torna quase um personagem — um organismo vivo que comprime e molda os habitantes. Mas, entre um gesto burocrático e outro, surgem frestas de lirismo: alguém dança no meio da rua, outro conversa com seus próprios sonhos, e a fantasia rompe o concreto por alguns segundos.
Poesia, crítica e humor como ferramentas de resistência
Com humor ácido, estética fragmentada e um toque de realismo fantástico, “O Sonho Acabou” faz rir e pensar ao mesmo tempo. Mais do que um retrato da juventude periférica, o filme é um grito silencioso — uma forma de lembrar que a arte, a imaginação e o afeto ainda sobrevivem, mesmo em meio ao caos.
Ao final, o público é deixado diante de uma pergunta sem resposta: será que o sonho acabou mesmo — ou apenas mudou de forma?