Autoescolas de Suzano criticam fim da obrigatoriedade de aulas
Norma foi aprovada nesta segunda-feira pelo Contran e passará a valer após ser publicada no Diário Oficial da União
Os proprietários e diretores das autoescolas de Suzano consideram "perigosa” a resolução que acaba com a exigência de aulas em autoescolas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A norma foi aprovada nesta segunda-feira (1) pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e passará a valer após ser publicada no Diário Oficial da União. O DS conversou com três autoescolas da cidade e todas demonstraram preocupação referente ao cenário atual.
Para o proprietário da Autoescola Técnica, Ítalo Camarotto, a resolução é sinônimo de perigo. “É impossível preparar um candidato para se habilitar em duas ou cinco aulas, é necessário passar por um processo de aprendizagem correto para ter responsabilidade no trânsito e com a vida das pessoas”, afirmou.
Além disso, Camarotto aponta que a situação é mais complicada e tem mais desdobramentos que precisam ser analisados. “Há o risco, por exemplo, de usarem carros particulares, sem duplo comando, para ensinar. Um conhecido meu bateu um carro seminovo em uma árvore enquanto estava ensinando de forma inadequada, ele não pode usar os freios do lado do passageiro para parar o carro pois não havia duplo comando”, contou.
O diretor geral da Autoescola Onyx, Breno Henrique da Conceição, tem uma perspectiva similar, ressaltando que o aluno corre o risco de receber um atendimento inadequado. “Mesmo com instrutores credenciados, a ausência da autoescola na supervisão cria riscos”, disse.
Segundo ele, o setor está se organizando e já existe uma comissão especial que obriga qualquer mudança a passar pela Câmara antes de ser aprovada. “Nada vai acontecer de forma imediata ou sem debate e toda alteração será discutida com representantes das autoescolas, instrutores e outros envolvidos”, explicou Breno.
Já a diretora de Ensino e Geral da Autoescola Ideal, Karla Priscilla Suguiyama Expedito, avalia a situação como preocupante. “Ninguém aprende nada sem estudar e sem praticar. Trânsito não é para amador, não é brincadeira e na minha opinião 20 aulas ainda é pouco”, afirmou.
Ela ainda fez uma analogia sobre como acredita que o trânsito será sem motoristas formados apropriadamente.
“Pense em uma situação em que o seu filho fosse fazer uma cirurgia com uma pessoa sem formação ou experiência em medicina, você não o deixaria fazer”.