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Economia

Proálcool completa 40 anos e etanol ainda busca espaço no setor energético

15 novembro 2015 - 07h00

Considerado o mais bem-sucedido modelo de substituição em larga escala do petróleo por um combustível alternativo, o Programa Nacional do Álcool (Proálcool) completa 40 anos hoje sem uma política pública que dê previsibilidade e estabilidade para a utilização do etanol no País. Nessas quatro décadas, a adoção do biocombustível em veículos de passeio enfrentou crises de confiança, volatilidade de oferta e demanda e até hoje o papel do álcool na matriz energética brasileira segue indefinido. Representantes da cadeia produtiva ouvidos pela reportagem dizem que a definição desse papel é essencial para investimentos futuros na produção. Para eles, o governo deveria abrir mão do viés econômico utilizado para controlar oferta e preço da gasolina e frear a inflação. Eles ainda defendem que, para assegurar os efeitos sociais e econômicos do etanol como combustível ambiental, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), ora adotada para segurar a inflação, ora como forma de mitigar rombos fiscais, seja tratada como um imposto ambiental. As metas de redução de emissões para 2030, no plano que o governo considerou "ousado", preveem que a participação da energia renovável de cana-de-açúcar no total da oferta interna salte de 15,7% para 16% em 15 anos. O pequeno incremento limita o espaço para o crescimento da produção de etanol de segunda geração (2G), feito a partir do bagaço ou da palha de cana e apontado como o futuro do biocombustível. "Isso é muito pouco, porque o Brasil poderia fazer mais. O plano do governo é deixar o setor do tamanho que ele tem hoje", afirmou Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria. O uso do etanol nas próximas décadas deve ser diluído em um conceito de energia gerada pela cana. Além do álcool e do açúcar, a matéria-prima produz também eletricidade a partir do bagaço e da palha. "As usinas serão usinas de energia e a divisão da produção no futuro não será a partir dos níveis de sacarose (açúcar), mas a partir da matéria-prima", avaliou o presidente da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), Celso Junqueira Franco. Indagado se o governo federal tinha uma proposta concreta do papel do etanol na matriz energética brasileira no futuro ou se seguiria tratando o combustível como um instrumento de controle de inflação ou de socorro à demanda da gasolina, o Ministério das Minas e Energia (MME) informou, por e-mail, que "o setor sucroenergético está contemplado nas diretrizes da política energética brasileira, e representa uma das estratégias para garantir a redução na emissão de gases".

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