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Jornal Diário de Suzano - 17/04/2024
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Coluna

Viver a Vida

08 maio 2021 - 05h00
Estava pensando agora sobre como podemos viver a vida que nos foi oferecida. Esta semana ouvi muitas lamúrias de gente que tem destaque. De algum modo isso incomoda. Se tenho um espaço para dizer o que sinto e penso não posso, não devo, contribuir para que as pessoas abaixem mais e mais as suas cabeças. 
Sei que os tempos que vivemos são difíceis. E sei também que podemos contribuir com pensamentos mais fortes e que nos ergam.
Posso não ser o mais sábio, o que é uma verdade, mas essa consciência não pode me derrubar a ponto de não conseguir olhar e ver melhor o mundo adiante. 
Tenho uns tantos e tantos anos de vida e experiência e olhando a frente, para os oitenta anos de idade que me chamam, sei que aprendi algumas coisas. Posso passar, ou repassar, umas ideias ou exemplos.
Um dia, à beira do vestibular, tive de pensar com mais calma. 
Na época, Jean Paul Sartre era um dos meus enfoques, com o Existencialismo. Tinha consciência, como filho da classe média, de que "deveria" me propor a escolher "ser Doutor", ou seja: Médico, Engenheiro ou Advogado. Estava desempregado, dependente de papai, mesmo assim quis ser Filósofo, que seria "tudo ao contrário". Junto com vários colegas de classe fomos nos preparar. Só havia esse curso na USP, 40 vagas. Fiz a prova escrita e a prova oral (ainda havia isso), tirei 42º lugar. Fui então fazer outro vestibular: Direito, na PUC. Tirei 3º lugar. Coisa estranha. Um dia, fora do Brasil, fui estudar Letras para ser esc ritor. Mais adiante fui convidado e lecionar. Gostei. Fiquei por ali uns 40 anos. Fui descobrindo e inventando coisas. Aprendi muito, sei disso. E me propus a repassar. 
Estava lendo esses dias uns textos de Epiteto, filósofo grego lá do século 1º, no fluir do seu pensamento do Estoicismo. 
Nada de complicado, bem ao contrário. Algo para nos levar a manter a calma quando estivermos diante do caos. 
Vejam essa afirmação de Epíteto: "Se devo morrer, morrerei quando chegar a hora. Como, ao que me parece, ainda não é a hora, vou comer porque estou com fome."
Não é para você se tornar passivo ante o mundo. Mas, você deve atuar naquilo em que pode controlar. Reconheça o mundo como ele de fato é. Ficar brigando por coisas em que nada conseguirá não contribui. 
Como viver "bem" em um mundo que o tempo todo nos surpreende? O Estoicismo prega o valor da racionalidade. As emoções destrutivas são vistas como consequência dos erros em nosso jeito de entender o mundo. Entendamos como uma maneira concreta de nos colocarmos "fortes e no controle". 
E sabemos que o jeito do Estoicismo, com sua racionalidade, está presente no cristianismo, no budismo e influencia até psicoterapias.
Então, será que podemos mesmo controlar nossas emoções? Ou devemos tentar controla-las? Trabalhar com a racionalidade é usar a lógica? E se observarmos, reconheceremos que a lógica nos oferece um mundo mais viável. É uma boa alternativa. Vale tentar?