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Caderno D

No solo teatral ‘Festa’ mulher questiona sua vida ao completar 30 anos de idade

19 abril 2015 - 08h00

Há cerca de dois anos, a atriz Natalia Gonsales se envolveu em um projeto teatral. Na ocasião, tinha 28 anos e trabalhou com gente muito mais jovem do que ela. De forma inconsciente, a experiência mexeu com sua cabeça. "Quando se está perto dos 30, é o momento em que pensamos sobre nossas conquistas e nos preocupamos com o envelhecimento", afirma a atriz, lembrando, com simpatia, que até o diretor Antunes Filho a chamava de velha nos tempos em que foi aluna do Centro de Pesquisa Teatral. Gestada naquela época em que Natalia - agora balzaquiana - percebia a chegada dos 30, "Festa" ganha vida hoje, até o próximo dia 2, no CCBB, em São Paulo. A montagem nasceu como apenas uma cena na cabeça de Natalia. No palco, ela viveria uma mulher que esperava os convidados em uma festa de aniversário, mas ninguém apareceria. No fim, a personagem abriria uma geladeira e, de lá, sairia um homem. "Tenho uma relação muito forte com o livro Mulheres que Correm com os Lobos (de Clarissa Pinkola Estés, editora Rocco), que fala sobre a mulher contemporânea", diz. "Queria falar sobre essa mulher que tem um lado mais masculino de precisar sair, ir para a rua, sobreviver." Chamada às pressas para cobrir um furo de agenda no CCBB, Natalia teve apenas seis semanas para preparar a montagem e, por isso, teve de fazer algumas mudanças. Depois de pronto, o espetáculo continua com a mesma premissa, mas ganhou outras nuances com a direção de Lana Sultani. "A personagem tem uma relação com o tempo, não quer que ele passe", diz Natalia, afirmando que "Festa" também fala do desconforto da solidão e de como é necessário saber lidar com ela. Dessa forma, o figurino tem tons escuros, assim como o cenário que, com poucos objetos, transmite um ambiente de depressão. No enredo, a protagonista prepara a festa e espera, sem sucesso, os convidados, sempre em um clima de inquietação e agonia. A atriz tem a carreira marcada pelos anos em que trabalhou na companhia Pia Fraus, da qual saiu recentemente. De lá, ela tira a técnica do teatro físico, linguagem que se destaca no espetáculo. Com isso, os movimentos executados por Natalia no palco ficam mais marcados e coreografados, aproximando o espetáculo de uma performance. Com pouco texto, são as ações cotidianas - como acender uma vela ou estourar um balão - que ganham força dramatúrgica. Para a atriz, o que mais a atrai no teatro físico é a abertura que a técnica oferece ao público. "O fato de a peça ser muito imagética faz com que a plateia faça suas próprias leituras sobre o enredo, sobre as cenas", diz, valorizando também a palavra. "Na Pia Fraus, aprendi a importância de como dizer o texto. Por isso, busco trabalhar com a palavra e a imagem. No teatro, tudo é expressão." A diretora Lana concorda. "Fizemos tudo pensando em colocar o mínimo necessário para criar uma expressão, sem ser impositivo." Para ela, o teatro tem uma tendência maniqueísta: procura-se sempre julgar, identificar o bem e o mal, o moral e o imoral. "Queremos que cada espectador construa sua própria visão do espetáculo."

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