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Jornal Diário de Suzano - 14/12/2025
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Coluna

Brasil: de 1989 a 2022

27 outubro 2022 - 05h00

Em 1989, primeira eleição presidencial direta depois do golpe militar de 1964, o segundo turno foi polarizado e a sociedade estava dividida. No primeiro turno, tivemos o maior número de candidatos à presidência da Nova República. Se usarmos os valores democráticos e a defesa de um Estado a serviço da redução da pobreza e das desigualdades como variáveis que dividem os candidatos em dois grupos, apesar de todas as diferenças entre eles, teremos de um lado Lula (PT), Brizola (PDT), Mário Covas (PSDB), Ulysses Guimarães (PMDB), Roberto Freire (PCB), Fernando Gabeira (PV); e do outro lado, Maluf (PDS), Afif (PL), Aureliano Chaves (PFL), Caiado (PSD), Enéas (PRONA). Outros candidatos, além da pouca expressão eleitoral saíram da cena política nacional. No segundo turno, o primeiro grupo uniu-se em torno das candidaturas de Lula (PT) e José Paulo Bisol (PSB) e o segundo grupo apoiou Collor de Mello e Itamar Franco, ambos do PRN.
De 1989 para cá, a sociedade mudou, alguns partidos mudaram seus estatutos e transformaram-se com a prática do poder, candidatos migraram de partido e outros morreram. As alianças partidárias tornaram-se muito complexas e sinuosas.
Em Suzano não foi diferente, uma confusão danada, um troca-troca de partidos e composições das mais diversas. O fato é que, neste segundo turno de 2022, ao encontrar-me com ex-candidatos a prefeito e muitos líderes e membros partidários, lembrei-me exatamente da eleição de 1989, quando muita gente do PCB, PCdoB, PDT, PSDB e PTB, PT, PSB e PV, depois de apoiarem seus respectivos candidatos no primeiro turno, uniram-se em torno do Manifesto "Agora somos todos Lula" encabeçado pelo professor Paulo Caldas (PSDB) e Walmir Pinto (PT).
Apesar desses partidos nem sempre caminharem juntos, das muitas semelhanças governamentais e diferenças discursivas de Fernando Henrique Cardoso - FHC (PSDB) e Lula (PT), das mudanças que marcaram a sociedade nesses 33 anos (desde 1989 até 2022) e das incoerências de alianças partidárias, ao longo dos governos de FHC e Lula a economia se estabilizou, a saúde e a educação melhoraram e 32 milhões de brasileiros que passavam fome em 1993 começaram a se alimentar com dignidade.
O 2º Inquérito Nacional sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil aponta que, atualmente, 33 milhões de brasileiros voltaram a passar fome. É um retrocesso desumano! Aqueles que ganham um salário mínimo e mesmo os que plantam não tem o que comer. Aliás, o salário mínimo que passou de R$70 em dezembro de 1994 (final do governo Collor) para R$ 510 em dezembro de 2010 (final do governo Lula), o que significa aumento nominal de pouco mais de 13% ao ano; de 2019 a 2022, ou seja, ao longo do atual governo, passou de R$998 para R$1212, o que significa aumento nominal de pouco menos de 5% ao ano e aumento real nulo. Em outras palavras, não houve aumento real do salário mínimo de 2019 a 2022.
Enfim, 33 anos depois da primeira eleição direta da Nova República, todos os que continuam acreditando nos princípios da democracia, na dignidade humana e na defesa de um Estado a serviço da redução das desigualdades e da erradicação da fome e da miséria estão, de novo, apesar de todas as diferenças entre si, apoiando e sustentando a candidatura de Luís Inácio Lula da Silva, o Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) contra a continuidade de Jair Bolsonaro (PL).