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Jornal Diário de Suzano - 14/12/2025
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Coluna

Festas Juninas

15 junho 2023 - 05h00

A Festa Junina é uma herança ibérica. Certamente uma incorporação de festas pagãs. É uma tradição camponesa para celebrar a colheita e a fartura de alimentos. No Brasil, nesse período de junho, comemora-se a colheita do alimento de subsistência, do agricultura familiar, do milho, do feijão, da mandioca, da batata-doce, da mandioca.
A festa Junina é também a festa do milho e coincide com festas de tradição guarani e com os santos católicos: Santo Antônio (13/06), São João (24/06) e São Pedro (29/06), todos vinculados popularmente à proteção da lavoura, ao Sol, à fertilidade, ao bom tempo.
O interessante é que essas festas vão se adaptando região por região. E parece que o esforço de adaptação das festas é maior quanto mais urbano é o meio em que ela se realiza. Muitas das Festas Juninas sequer tem o mastro dos santos juninos que conectam o Céu à Terra, que aproximam o sagrado e o profano. As músicas também variam de lugar para lugar, algumas mais relacionadas com o meio rural em que em princípio a colheita é comemorada; outras nem tão relacionadas assim.
Um elemento que considero muito importante é o processo de produção da festa. A festa não é tão-somente para ser consumida. A festa é para ser elaborada coletivamente.
Na Rua Manoel Moreira, em Suzano, virou tradição entre os vizinhos, a produção de uma Festa Junina nos anos 80, cada qual levava um quitute feito em casa, combinado previamente. A predominância era do milho. Acendia-se a fogueira. Fincava-se o mastro à terra. Espalhavam-se as bandeirinhas coloridas. Lembro certa vez, que cavamos a terra e colocamos uma lata de tinta vazia, grande, bem higienizada, com uma abóbora aberta e uma rapadura. No dia seguinte, retiradas brasas e cinzas, desenterramos a lata e eis que tinha uma abóbora derretida em meio à rapadura. Delícia de doce!
Na então Escola Estadual Antônio Marques Figueira certa vez também produzimos uma Festa Junina. Somente alunos com aprovação do Conselho de Escola e apoio de um professor muito querido, o Joviano Satler de Lima.
As barracas foram todas produzidas com eucaliptos retirados da região onde atualmente é o Suzano Shopping, lonas e bambus. As bandeirinhas também foram configuradas por nós, alunos. Saco de São Francisco com prendas arrecadadas, bingo, pesca, canaleta. Uma barraca de bolos e doces. Uma barraca de pizza sob a responsabilidade do Roberto e do Marcelo Regis. Correio elegante e dança de quadrilha.
A primeira Festa, da rua Manoel Moreira, era absolutamente comunitária embora não se comemorasse colheita de coisa alguma. A segunda já estava completamente adaptada ao meio urbano, inclusive com barraca de pizza. O que as duas Festas tinham em comum era o espírito comunitário: no primeiro caso a produção da Festa era feita pelo próprio grupo de vizinhos que usufruía e festejava os santos juninos; no segundo caso, a festa foi produzida por um grupo de aluno sentindo-se "empoderados" em produzir a festa e convidar a comunidade estudantil que a consumiu conjuntamente.
Que o espírito comunitário das Festas Juninas prevaleçam. Que reflitamos sobre essas hibridações culturais, fazendo-nos atribuir novos sentidos e significados a essas manifestações culturais ao mesmo tempo em que recuperamos e mantemos os seus sentidos mais longínquos.