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Jornal Diário de Suzano - 14/12/2025
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Coluna

Observando a vida

02 setembro 2025 - 05h00

Com o passar do tempo nos tornamos mais observadores, a juventude é um tempo leve temos a curiosidade natural e precisamos aprender rapidamente sobre tudo, então notamos, mas não perdemos tempo com detalhes.
O tempo vai nos fazendo observar detalhes que antes passavam despercebidos, talvez por isso muitos acreditam que estamos distraídos ou alheios, o que na maioria das vezes das é a realidade, estamos percebendo pequenos detalhes que antes não valorizamos. As flores, o pôr do sol, o beija-flor quase parado no ar, o balançar contínuo dos galhos da arvore que se mostra altiva no espaço da nossa janela, tudo tem um encanto especial, talvez seja o tempo que hoje temos mais livre e sem tantos afazeres, após anos de trabalho e de pressa para atender os compromissos. Paramos para tomar um café e podemos degustar vagarosamente, o olhar parece perdido no espaço, mas a mente atenta nota detalhes, a família reunida em torno de uma máquina com o interior cheio de bichinhos de pelúcia encanta a criança e o pai tentando manipular as garras no intuito de conseguir um ou mais desses brinquedos para alegrar a filha, cujos olhos brilham a cada tentativa mesmo que frustrada, imaginando logo poder abraçar pelo menos uma dessas prendas.
Lá no restaurante, enquanto calmamente saboreia a almoço, percebe na mesa ao lado que a mãe tenta fazer a criança comer, e esta que ainda nem balbucia as palavras e apesar de ser ainda bem pequena, decide o que quer comer empurrando para longe o talher com a mãozinha. Por não ser atendida, inicia uma ameaça de choro e gritinhos, então a mãe para acalmá-la entrega o celular com um desenho animado para a distrair. Apesar de pequena manipula o aparelho com seus dedinhos gordinhos com agilidade de quem já conhece bem o objeto. O silêncio entre eles incomoda, comem sem se falar, nem mesmo com a criança, o pai mastiga o alimento e manuseia seu celular e a mãe agora sem seu aparelho parece deslocada.
A lembrança das refeições em família se faz presente, o tempo era outro, a conversa e a comida era farta e nossos pais não permitiam desperdício, comíamos sem discutir o que era colocado em nossos pratos enquanto ouvíamos desatentos os diálogos entre os adultos. Jovens meninas com longos cabelos caminham pela rua e param subitamente à frente de alguma vitrine onde sua imagem se reflete e alisam o cabelo, alinham a roupa, preocupadas com seu visual, mal saíram da infância, mas se comportam como adultas...
Então imaginamos que a maioria de nós com a idade delas ainda gostaria de poder brincar na rua sem nenhuma preocupação com o visual, entretanto, muitos já estavam trabalhando para ajudar nas despesas da casa paterna, onde havia muitas bocas para alimentar e vestir. 
No banco da praça um senhor de aspecto cansado, barba por fazer alimenta alguns pássaros que se aproximam enquanto ele lança farelos de pão no chão, aparenta estar com o pensamento longe, talvez divagando em suas lembranças. Enquanto observamos o nosso entorno, lembramos de nosso tempo passado, sem celular, mas, com muita conversa com nossos irmãos, brincadeiras em meio aos afazeres domésticos para ajudar as mães e a vida parecia passar mais lentamente, com a infância mais longa e divertida, com amizades que se aprofundavam com o passar dos anos e com laços familiares fortes, carregados de sabores e carinho em todas as atitudes.
O progresso acelera tudo, traz muita informação e, individualiza muito o ser humano, acho que lá no futuro esses jovens de hoje não terão muito para observar e lembrar...