Acabamos de circular por nossos encantamentos. E não temos de parar. E foi por aí que alguns amigos numa conversa me pediram que cronicasse sobre como sinto o Dia dos Namorados. Pensei nesse caso, estarmos envolvidos pelos nossos sentimentos. Coisa a que sempre que possível me refiro, como prefiro denominar, aos “enamorados”, sob o meu olhar poético. Como deixar de liberarmos o nosso lirismo? Então, inicialmente, agora, aqui, trago um jeito de enfocar. Vejam como me lanço nesse meu poema “As Leituras”:
“No tempo que me escolho/ Entre os tempos que se me impõem/ Coloco-me à sacada/ Palavras e frases e páginas depois/ Com minha velha arma branca/ A pena da minha imaginação// Por algumas razões que me crio/ Não me consinto ser apenas contemplativo/ Não me permito ver-me estático/ E salto obstáculos página a página/ Como sempre fiz desde muito menino/ Tentando transformar em mundo visível/ Que poderá muito melhor a todos acolher/ Um universo ainda imperceptível aos demais//
Não me contenta só a utopia/ Imprescindível ainda que seja/ Quero o real tangível/ Não apenas por meus sonhos/ Mas por todas as mãos/ Que sei estendidas// Por isso sempre pulo as janelas/ E voo mais alto para o chão”. O sentimento dos enamorados é sempre positivo, é base para a construção de um mundo melhor. E sempre me envolveu, sempre me encantou. E quero continuar assim, nessa minha leitura, de como vejo, como sinto. O meu enfoque há sempre de ser o poético. Precisamos mirar num futuro em que possamos sempre nos dar as mãos, não o contrário, como muitos ainda, infelizmente, cobram. E os que amam, os que se amam direcionam-se ao bem. Se não for assim, algo está errado. Se você pode amar alguém, também pode amar os demais. Quem ama quer um espaço mais harmônico, mais sensitivo, mais positivo, mais construtivo. Por que não seguir nessa direção? Sempre buscando o melhor! Viver com quem se ama já nos faz sentir no Paraizo. Amar já é um encantamento. Temos de nos direcionarmos ao bom, ao melhor. Por que negar essa pretensão? Nunca!
Então quem ama voa? Por que não? Que siga pelo espaço. Nunca parar de caminhar, é o que temos de entender. E o caminho é seguir adiante sempre em busca do sonho. Temos de avançar. Qual o mal de se buscar o sonho? Coisa de imaginação? E por que não? Aí lembrei de mais um poema, de uma Antologia minha lá dos anos de 1990, “Páginas e Paisagens”. O poema “Imaginar”:
“é doce imaginar/ que me buscas/ como quem busca o mar/ e mergulhas em mim/ para te salvar//
é doce imaginar/ que sonhas o meu encontro/ em florestas perdidas/ a devorar os teus seios/ que fartos se entumecem/ ao me ver chegar//
é doce imaginar/ que fazes água/ e tentas navegar/ um mar de ânsias/ só de me tocar// é doce imaginar/ que te iluminas toda/ pelo meu olhar/ como o romper da noite/ ao sol chegar//
mas não adivinho/ doce-amargo me enganar/ se me buscas/ se me sonhas/ se te fazes água/ se te iluminas/ ao meu passar”. Que nós possamos visualizar o caminho do envolvimento no sonho. E nos lancemos ao futuro como o da paisagem linda e positiva de acordo com o nosso sentimento.



